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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Sob pressão do Centrão, Bolsonaro piscou

Troca de Braga Neto por Tereza Cristina como vice da chapa é tentativa da recuperar o rumo da campanha

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 jun 2022, 13h04

Sob pressão do Centrão, Bolsonaro piscou. A instabilidade da campanha de reeleição pode ser medida na concessão de trocar o general Braga Neto pela deputada e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina como sua candidata a vice. Líder ruralista, uma das raras pessoas que conseguiram sair maiores que entraram no governo Bolsonaro, Tereza Cristina é uma exigência dos partidos do chamado Centrão, PL e PP, para melhor controlar Bolsonaro. O presidente sabe disso e por isso recusava a ideia. Perdendo em todas as simulações de segundo turno para Lula da Silva, Bolsonaro pode estar ficando sem opção.

De acordo com as pesquisas qualitativas encomendadas pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, a derrota de Bolsonaro é inevitável se (1) ele não mudar a trajetória da economia e (2) reduzir a rejeição entre as mulheres. Da primeira parte, a saída parece ser os subsídios e corte de impostos sobre combustíveis planejados pelo presidente da Câmara Arthur Lira. É duvidoso afirmar se a tática de culpar a Petrobras pela inflação dará certo, mas nenhuma ideia melhor surgiu no campo bolsonarista.

Do segundo desafio, a opção pode ser ter uma mulher como vice. Deputada desde 2015, Tereza Cristina é a favorita. A ex-ministra Damares Alves, representante dos evangélicos, é outra opção.

A entrada de Tereza Cristina na campanha Bolsonaro seria um sopro de vigor. Ela tem respeito no agro, articulação no Congresso e conseguiu apagar os incêndios xenófobos do presidente que, se não fosse ela, teriam causado problemas nas exportações para a China. É previsível que essa competência gere ciúmes e temores caso ela venha a compor a chapa.

A família Bolsonaro é paranoica com a possibilidade de um impeachment. Com o mesmo vigor que rejeitam o atual vice Hamilton Mourão, os Bolsonaros concordam que o fato de ele ser general impediu o avanço das articulações pró-impeachment no ano passado. Por isso queriam repetir a dose com o general Braga Neto, um militar linha dura sem diálogo no Congresso, na Justiça e no empresariado.

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Por mais que os Bolsonaros digam duvidar das pesquisas, elas têm um efeito rela no humor dos políticos. Para um deputado do Nordeste, sair por aí com uma camiseta de Bolsonaro pode significar o fim da carreira. O ex-líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, por exemplo, finge agora que não conhece o presidente para manter o poder da sua família na região de Petrolina.

Nas grandes cidades do Sudeste, a companhia de Bolsonaro também é tóxica. Um deputado governista colocaria sua campanha em risco se se tivesse alguma confiança de que Bolsonaro vai crescer nas pesquisas nos próximos meses, mas faltam argumentos para convencê-lo quando a principal bandeira da campanha é duvidar do resultado da eleição.

Nas contas dos políticos governistas, a conta é simples: a pressão está sobre Bolsonaro, não sobre eles. Ou a campanha de Bolsonaro pega no tranco nos próximos meses e volta a subir nas pesquisas ou eles vão cuidar de suas próprias reeleições.

Os embates seguirão. Uma das habilidades que garante a sobrevivência de gente como Ciro Nogueira, Valdemar Costa Neto e Arthur Lira é a capacidade de ler cenários e sentir cheiro de fracasso a centenas de quilômetros de distância e com meses de antecedência.

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