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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Qual Lula vem aí

Na nova campanha, ex-presidente buscará monopolizar o antibolsonarismo e vai conversar com PL, PSD e PSB

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 10 mar 2021, 16h18

O Luiz Inácio Lula da Silva que nesta quarta, 10, se lançou candidato a presidente em 2022 não é o “Lulinha Paz e Amor de 2002”, mas também não é o político ressentido que deixou a cadeia depois de 580 dias em 2019. É um Lula repaginado que quer ganhar a eleição, mas também não ser deposto uma vez no governo. 

“A prioridade agora não será dar sinais ao mercado ou à mídia. Isso pode esperar. O que o Lula vai ocupar agora é o espaço de antibolsonaro, que em dois anos ninguém se firmou”, disse um senador do PT. “A hora é de mostrar que existe uma opção evidente ao Bolsonaro.” 

A estratégia de monopolizar o antibolsonarismo foi o eixo dos 90 minutos da preleção de Lula antes da entrevista no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ele defendeu a vacinação em massa, o Sistema Único de Saúde e a democracia, atacou a liberação geral de armas, o terraplanismo e as fake news – platitudes que no governo Bolsonaro viraram atos de oposição. 

Mas se foi objetivo em assumir o papel de opositor de Bolsonaro, o ex-presidente mostrou que sua relação com o mercado será diferente do Lula que, com o Risco Brasil em 2.000 pontos em 2002, assinou documento onde se comprometia a cumprir os acordos assinados pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, a famosa “Carta ao Povo Brasileiro”. Na entrevista de hoje Lula já antecipou que, se eleito, irá priorizar a Petrobras, ir contra o Banco Central independente e suspender as privatizações. 

É fundamental lembrar, no entanto, que o presidente continua sendo Bolsonaro e com apenas 10% dos parlamentares na Câmara, o PT tem influência nula nas decisões oficiais. Além do mais, com a pandemia, os protestos de ruas estão suspensos. Não há muito o que Lula possa fazer até a campanha começar no ano que vem. Mas o que ele fará até lá?

“Lula é um aliancista”, disse um ex-ministro. “Daqui até 2022, ele vai conversar com todo mundo que quiser ouvi-lo, dos partidos do Centrão às federações de empresários, da Igreja aos sindicatos”. 

Com a centro-direita dividida entre quatro pré-candidatos com menos de 10% (João Doria, Luciano Huck, Eduardo Leite e Luiz Mandetta) e a centro-esquerda com um Ciro Gomes cada dia mais raivoso, Lula tentará monopolizar o espaço de contraponto a Bolsonaro. Na política, as conversas prioritárias são com o PL, de Valdemar Costa Neto, o PSD, de Gilberto Kassab, e o PSB, da família Campos. A campanha só começou.

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