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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Putin e o teste à diplomacia lulista

Em viagem ao México, candidato do PT terá de se posicionar sobre Guerra na Ucrânia

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 1 mar 2022, 11h57
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  • O encontro de Lula da Silva com o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, nesta quarta-feira, 2, na Cidade do México, será um teste para a posição do PT sobre a invasão na Ucrânia. Numa viagem internacional será impossível ao ex-presidente evitar uma posição sobre o tema, como tentou nos últimos dias.

    No seu perfil no Twitter, Lula postou na quinta-feira (24/02) uma série de platitudes: “É lamentável que, na segunda década do século 21, a gente tenha países tentando resolver suas divergências, sejam territoriais, políticas ou comerciais, através de bombas, de tiros, de ataques, quando deveria ter sido resolvido numa mesa de negociação”.

    Foi quase tão ruim quanto a nota oficial do PT: “A resolução de conflitos de interesses na política internacional deve ser buscada sempre por meio do diálogo e não da força, seja militar, econômica ou de qualquer outra forma”. O texto do partido é fraco, mas ainda melhor do que a liderança do PT no Senado que condenou “a política de longo prazo dos EUA de agressão à Rússia e de contínua expansão da Otan”. Por excesso de estupidez, a nota da assessoria do Senado foi cancelada.

    É provável que antes de falar sobre a guerra na Europa, Lula ouça o ex-ministro de Relações Exteriores Celso Amorim. Em entrevista ao jornalista Breno Altman, do site Opera Mundi, Amorim foi claro: a invasão foi “uma violação grave do direito internacional, um erro e um ato ilícito”.

    “Só a ONU possui a prerrogativa para autorizar uma ação militar, e nem sempre estou de acordo com isso, ou um país pode reagir em legítima defesa, que não foi o caso. Na época da Guerra do Iraque (em 2002), os Estados Unidos alegaram legítima defensa preventiva. Eu condenei na época, e sigo condenando, então não posso deixar de condenar o que a Rússia está fazendo. É uma violação grave do direito internacional”, comparou Amorim.

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    A cautela de Lula em condenar Putin tem relação com uma independência diplomática que ele pretende adotar caso retorne ao Palácio do Planalto. Lula e Amorim foram dois dos arquitetos do Brics, o clube que reúne Brasil, Rússia, China e África do Sul, mas a geopolítica mudou desde então. Amorim escreveu recentemente que o acordo China-Rússia assinado no mês passado foi “o fato mais importante desde o fim da Guerra Fria e da dissolução da União Soviética”. Sob um novo governo Lula, a diplomacia do Brasil tentará se equilibrar entre os interesses dos EUA, União Europeia e China/Rússia. Mas nem se faz omeletes sem quebrar ovos, nem diplomacia sem tomar posições.

    As viagens internacionais de Lula servem para ressaltar o prestígio do candidato com o isolamento do presidente Bolsonaro. Foi assim em novembro, quando Lula foi recebido pelos presidentes da França e Espanha, e em dezembro, quando participou de um comício com o presidente Alberto Fernández, em Buenos Aires. A postura pró-Putin de Bolsonaro, apesar dos votos corretos do Brasil nos foruns das Nações Unidas, apenas reforçam a incompetência do atual presidente na política externa.

    Lula chegou nesta terça-feira ao México e foi recebido pelo secretário de Relações Exteriores, Marcelo Ebrard. O presidente mexicano foi dos primeiros líderes mundiais a saudar a anulação das condenações de Lula, em março, e o seu partido Morena tem uma relação de longa data com o PT. A posição de López Obrador sobre a invasão foi ardilosa. “Condenamos qualquer invasão de qualquer potência… neste caso da Rússia, mas seria o mesmo se fosse da China ou dos Estados Unidos”. É provável que a de Lula seja similar.

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