A primeira pesquisa presidencial de 2022 mantem o quadro de favoritismo de Lula da Silva, a vice-liderança isolada de Jair Bolsonaro e o pântano das terceiras opções. De acordo com a pesquisa Quaest/Genial divulgada nesta quarta-feira (12/01), se as eleições fossem hoje Lula teria 45% das intenções de voto, o que em votos válidos lhe garantiria a vitória no primeiro turno. Bolsonaro teria 23%; Sergio Moro 9%; Ciro Gomes 5% e João Doria 3%. A variação das porcentagens dos candidatos em relação à sondagem de dezembro é mínima.
Embora ainda falte ainda mais de nove meses para o primeiro turno e o histórico eleitoral brasileiro seja de volatilidade, a pesquisa traz sinais pessimistas para quem não gostaria de eleger nem Bolsonaro, nem Lula. A Quaest identificou que 44% dos eleitores querem que Lula vença, 23% Bolsonaro e 26% nem um, nem outro. O dado mostra que existe um potencial real para um terceiro candidato, mas o excesso de nomes impede que um deles se destaque.
Quando os entrevistados são perguntados sobre sua segunda opção de voto, o resultado mostra que eleitor de Moro, Ciro e Doria apoiaria outro nome Nem-Nem caso o seu candidato favorito saísse da disputa:
Segunda opção eleitores de Moro
Branco/Nulo 30%
Bolsonaro 22%
Lula 15%
Segunda opção eleitores de Ciro
Lula 40%
Moro 17%
Branco/Nulo 16%
Segunda opção dos eleitores de Doria
Lula 25%
Moro 19%
Branco/Nulo 15%
Na hipótese de um dos candidatos Nem-Nem sair da disputa, parte considerável dos seus eleitores vai para o voto branco/nulo ou, por gravidade, se dirige para os dois líderes.
Quando apenas a parcela dos eleitores que torcem contra uma vitória de Bolsonaro ou de Lula é perguntada sobre quais candidatos eles conhecem e votariam ou poderiam votar (o chamado potencial de voto) é o resultado ainda favorece Lula e Bolsonaro:
Moro 44%
Lula 36%
Ciro 27%
Bolsonaro 21%
Doria 21%
Ou seja, mesmo entre os que não querem a vitória de Bolsonaro ou Lula, há uma parcela grande que pode votar tanto em Lula, quanto em Bolsonaro. Parafreseando Nelson Rodrigues, a turma do nem-Bolsonaro-nem-Lula não é solidária entre si nem na hora do câncer.
A pesquisa Quaest/Genial dá algumas pistas onde os candidatos Nem-Nem podem estar errando. Perguntados sobre os maiores problemas do país, os entrevistados respondem a economia (37%) e a pandemia (28%). Na economia, citam o desemprego, a inflação, fome e miséria. 69% dos entrevistados se dizem muito preocupados com o repique da pandemia de Covid, 14 pontos percentuais acima de novembro. São todas questões concretas do dia-a-dia e que são direta ou indiretamente responsabilidades do governo federal.
Mas o que os candidatos Nem-Nem falam sobre isso? Ciro Gomes, que dos três candidatos tem mais sensibilidade social, se encastelou na teoria do seu Plano Nacional de Desenvolvimento que o eleitor não consegue traduzir em redução do custo de vida. João Doria, que tem a seu lado o pioneirismo da vacina, perde tempo na defesa de um teto de gastos que não tem qualquer significado para os mais pobres. Sergio Moro anunciou uma reforma do Judiciário, tema que deve estar entre o 89º e 93º lugar entre as preocupações do eleitor.
Ao mesmo tempo, Lula colocou na pauta o debate sobre a revisão da reforma trabalhista, que não trouxe os empregos prometidos. E o governo Jair Bolsonaro começou a pagar o Auxílio Brasil de R$ 400.
Enquanto falarem apenas para as suas bolhas, os candidatos Nem-Nem vão seguir no atoleiro de um dígito nas pesquisas.