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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Oito anos em quatro

Candidatos a ministro da Fazenda de Lula terão de mostrar roteiro para fazer 2026 parecido com 2010

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 nov 2022, 12h32

Para entender onde começa o governo Lula é preciso compreender aonde ele quer chegar. O presidente eleito quer chegar em dezembro de 2026 onde estava em dezembro de 2010, com popularidade em alta, país crescendo, inflação controlada, estabilidade política, respeitabilidade externa e um legado de inclusão social. Lula em 2026 quer uma revanche sobre o que passou desde 2016.

É provável? Possivelmente não, mas a partir dessas metas é possível construir um roteiro das escolhas que Lula fará nas próximas semanas para formar o governo e indicar ministros.

Nesta semana, Lula começa as sabatinas para escolher o seu ministro da Fazenda. Os candidatos Alexandre Padilha, Fernando Haddad, Wellington Dias, Henrique Meirelles e Pérsio Arida terão de montar o roteiro de como é possível fazer oito anos em quatro, ou seja, sair da posição difícil que o país estava em 2003 e chegar ao auge de 2010 em metade do tempo.

É verdade que a situação atual é pior, mas não tanto. Em 2003, os EUA estavam em guerra no Afeganistão e iniciavam a guerra no Iraque. A inflação no Brasil chegou a rodar em 17%, o país não tinha reservas internacionais, o risco país estava em mais de mil pontos, o medo de um calote por um governo petista estava disseminado no mercado e Lula nunca havia sido presidente.

O Brasil hoje tem os juros mais altos do mundo, uma situação fiscal delicada e ainda é governado por um presidente que é um risco institucional. As contas públicas são opacas e ninguém sabe ao certo o tamanho do rombo nas contas em 2023, quando as manobras eleitorais com impostos e isenções deixarem de estar em vigor.

Ao longo da campanha, Lula incorporou três palavras para definir o seu programa econômico: credibilidade, previsibilidade e estabilidade. E resumiu as suas promessas aos seguintes pontos:

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· Auxílio Emergencial de R$ 600 mais adendo de R$ 150 para filhos para 22 milhões de famílias

· Aumento real de salário mínimo e aposentadorias

· Recomposição de gastos públicos em saúde, educação e ambiente

Outros pontos até o fim do mandato:

· Programa de renegociação de dívidas das famílias com concessionárias públicas

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· Ampliação da isenção do imposto de renda até R$ 5 mil

Lula quer indicar o novo ministro ainda em novembro, mas o seu tempo é diferente da pressa do mercado. Na semana passada, o mercado estava calmo porque imaginava que o escolhido de Lula será um market-friendly. Nesta semana, o mercado descobriu que justamente por estar calmo, o escolhido pode não ser um market-friendly e entrou em histeria. Vai ser assim até o final.

O Brasil hoje é o patinho feio menos feio entre os emergentes. A inflação está em queda, os juros estão na lua, o país não está em recessão e aparentemente haverá uma transição pacífica de poder. Mas o fiscal é um risco real. Se o mercado entender que o waiver de 2023 será um saco sem fundo e que a nova equipe econômica não tem a experiência nem a credibilidade para dizer não ao presidente de vez em quando, o país entra na mesma espiral que derrubou Liz Truss no Reino Unido.

Em geral, o melhor período de um presidente da República vai do resultado da eleição até a posse. A força advinda da eleição faz com que o eleito tenha maior poder de barganha no primeiro dos quatro anos de mandato. Essas regras valem para tempos normais. Não valerá para o governo Lula que começa em 1º de janeiro.

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