O presidente Jair Bolsonaro demitiu nesta segunda, 29, o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, e pensa em substituí-lo pelo atual chefe da Casa Civil, general Braga Neto, ou o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Ramos. A exoneração foi uma surpresa para Azevedo e Silva.
Com a mudança, Bolsonaro pretende abrir espaço no Palácio do Planalto – onde funciona a Casa Civil e a Secretaria de Governo – por um político, para melhorar a relação do governo com o Congresso.
Uma hipótese em estudo é colocar Braga Neto na Defesa, Ramos na Casa Civil e um político já de confiança de Bolsonaro na Secretaria Geral. Se esta troca for efetivada, o novo ministro responsável pela relação política do governo poderia ser o ministro de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho (ex-deputado federal do PSDB), ou o ministro das Comunicações, Fabio Faria, deputado federal do PSD.
Em dois anos como ministro comandante das Forças Armadas, Azevedo e Silva havia se esforçado em evitar a politização dos quarteis, contrariando o tom radical de Bolsonaro. É impossível não enxergar na troca uma intervenção direta do presidente nas tropas. Tanto Braga Neto, quanto Ramos são leais a Bolsonaro. O escolhido teria como missão colocar as Forças Armadas a serviço da candidatura de reeleição do presidente.
Foi Ramos, por exemplo, que convenceu o Alto Comando, contra a vontade de Azevedo e Silva, a aceitar a indicação do general Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde. Dez meses depois, Pazuello saiu como o principal responsável pela catastrófico combate à Covid-19. A aliados, Azevedo e Silva confidenciou que havia sido um erro o Exército ter cedido a Bolsonaro.
A Covid foi o ponto de inflexão na relação do presidente com o ministro da Defesa. Em março, Azevedo e Silva postou um vídeo considerando o vírus “uma guerra, a maior da nossa geração”. Esse discurso foi o antípoda do tom do presidente, que desde o primeiro dia minimizou a pandemia e depois boicotou os esforços para encomendar vacinas.
O momento mais tenso ocorreu em junho de 2020, quando o presidente fez uma ameaça clara de intervenção militar no Supremo Tribunal Federal. De acordo com dois generais da ativa, Azevedo e Silva disse ao presidente que o Exército não faria uma intervenção nos moldes imaginados por Bolsonaro.