Como dois e dois são quatro, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, decidiu colocar o ex-policial militar e ex-faz-tudo da família Bolsonaro, Fabrício Queiroz, em prisão domiciliar. Queiroz está preso desde 18 de junho no famoso esquema de “rachadinhas” que envolve o filho mais velho do presidente, Flavio Bolsonaro. João Otávio de Noronha é candidato a ministro do Supremo Tribunal Federal.
Bolsonaro poderá indicar um novo ministro para o STF a partir de novembro, com a aposentadoria de Celso de Mello. Até lá, os candidatos fazem de tudo para agradá-lo. Em abril, na posse do ministro da Justiça, André Mendonça, Bolsonaro disse que sua relação com Noronha foi “amor à primeira vista”. Eu confesso que a primeira vez que o vi foi um amor à primeira vista. Me simpatizei com Vossa Excelência. Temos conversado com não muita persistência, mas as poucas conversas que temos o senhor ajuda a me moldar um pouco mais para as questões do Judiciário”, discursou Bolsonaro. Semanas depois, Noronha concedeu liminar permitindo que Bolsonaro sonegasse do público os resultados dos seus primeiros exames de coronavírus.
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Clique e AssineNoronha não é o único candidato. O procurador geral Augusto Aras fez da PGR um puxadinho do Palácio do Planalto, enquanto o ministro da Justiça, André Mendonça, processa até pensamento para mostrar lealdade a Bolsonaro. O presidente se aproveita de tanta bajulação.
Com a transferência de Queiroz para casa cai substancialmente as possibilidades de uma delação premiada, o pesadelo da família Bolsonaro. A prisão de Queiroz foi um marco. Desde que o ex-assessor foi preso, o presidente parou de comparecer às manifestações pela volta da ditadura e moderou o discurso. A soltura de Queiroz talvez marque a volta do velho Bolsonaro em guerra com o mundo.