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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O que Lula pode fazer para perder a eleição

Bolsonaro chegou ao limite do que o seu governo pode fazer para virar o humor popular sobre a economia, mas há pontos de risco para a campanha petista

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 ago 2022, 09h39 - Publicado em 8 ago 2022, 10h50
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  • Com as pesquisas se repetindo na tendência de um segundo turno com vitória folgada de Lula da Silva sobre Jair Bolsonaro, a questão não é mais o que Bolsonaro pode fazer para virar o jogo, mas sim o que Lula pode fazer para perder. Com o reajuste do Auxílio Brasil e a redução do preço dos combustíveis, Bolsonaro chegou ao limite do que o seu governo pode fazer para virar o humor popular sobre a economia, mas esses são alguns pontos de risco para a campanha de Lula:

    Minimizar o antipetismo – A liderança de Lula nas pesquisas é resultado direto da reprovação ao governo Bolsonaro, não uma anistia à recessão de 2014-16 e à Lava Jato. É confortável para a campanha lulista imaginar que não deve explicações, mas essa vida boa não se sustenta quando a campanha esquentar.

    A desistência dos Evangélicos – É o mesmo caso das regiões Sul e Centro-Oeste. A campanha desistiu dos evangélicos, que correspondem em torno de 30% do eleitorado. As investidas do PT junto aos líderes das principais igrejas fracassaram e Bolsonaro nada sozinho. Na última Genial/Quaest, o presidente tem 48% contra 39% de Lula. Em janeiro, segundo a mesma pesquisa, eles estavam empatados em 34%.

    A desistência do Sul – Em 2018, o PT teve um desempenho pífio nas Regiões Sul e Centro-Oeste, as bases do agro. Embora as pesquisas regionais mostrem um equilíbrio, as chapas estaduais lulistas nas duas regiões são frágeis e a campanha parece preparada para a derrota. Mesmo no campo petista, a diferença é entre os que acham que a derrota para Bolsonaro será por 70% a 30% ou 60% a 40%.

    A guerra de vaidades do Rio – A egotrip dos candidatos a senador André Ceciliano, do PT, e Alexandre Molon, do PSB, conseguiu desmantelar a campanha de Lula no Estado do Rio. São 12 milhões de eleitores no berço do bolsonarismo que venceu em 2018 com 68% dos votos válidos no segundo turno.

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    Os candidatos dependentes – Lula tem mais de 60% das intenções de votos na Bahia, Pernambuco e Ceará, os maiores colégios eleitorais no Nordeste. Nos três Estados, no entanto, os seus candidatos estão bem atrás nas pesquisas. Por enquanto, Lula vai ajudá-los apenas com gravações na TV e se aproveitar de uma pretensa neutralidade dos candidatos adversários.

    Salto alto – É difícil conversar por mais de dez minutos com alguém na coordenação de campanha e não ouvir um “tal pessoa não pode ser ministro”. Quase sempre a “tal pessoa” não pertence ao PT e mostra como os petistas que trabalham com Lula tem zero expectativa de dividir o poder com aliados. Por tudo que Lula tem dito, o oligopólio petista é uma ilusão. O eventual governo Lula 3 será menos vermelho do que os anteriores, mas a postura de ‘já ganhou’ sempre mostrou o pior do PT.

    A trégua com a Faria Lima – Lula tem escamoteado o debate sobre economia dizendo que os seus governos de 2003-10 são garantia suficiente. A frase não sustenta a pergunta seguinte, sobre a responsabilidade da recessão de 2014-16. É natural que Lula não aponte um ministro da Fazenda agora, mas ser mais transparente com o seu plano de chegada no governo é fundamental para evitar o terrorismo dos mercados que afetou tanto a campanha de 2002.

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    Cadê o futuro? – Lula lidera todas as pesquisas pelo passado que representa, não pelo futuro que promete. Como o governo Bolsonaro é considerado ruim ou péssimo pela maioria dos brasileiros, a comparação com o governo Lula abre um espaço de boa vontade ao petista.

    A dureza da campanha vai afetar essa disposição. É preciso uma postura de Lula para além do “vamos voltar a 2010”.

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