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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O que explica as diferenças entre as pesquisas Ipec e Genial/Quaest

Empresas têm estimativas diferentes sobre números de eleitores pobres

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 set 2022, 13h12 - Publicado em 14 set 2022, 11h23
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  • A divergência nas pesquisas do Ipec/TVGlobo de segunda-feira, com Lula com 46% contra 31% de Bolsonaro, e da Genial/Quaest desta quarta-feira, com o placar Lula 42% x 34% Bolsonaro, deram um nó nos analistas. Por que duas empresas respeitadas no mercado deram um resultado tão diferente?

    Vamos lá. Pesquisas eleitorais apresentam resultados diferentes por vários motivos. Pode ser por usarem metodologias distintas. Algumas fazem entrevistas na casa dos eleitores, outras nas ruas, outras por telefone usando um atendente, outras por telefone com robô e ainda existem as que captam respostas pela internet. Isso explica algumas oscilações, mas nesta campanha a maior diferença está na falta de um Censo.

    Como o Ministério da Economia decidiu cancelar o Censo de 2020 e 2021, as empresas de pesquisa usam dados estimados para compor a amostra do eleitorado. Um exemplo é o segmento evangélico, que em alguns sondagens são 27% do eleitorado e noutras 35%.

    O caso mais estarrecedor é da quantidade de eleitores que vivem com menos de 2 salários mínimos. Sim, este é um país que não sabe ao certo quantos pobres existem.

    As pesquisas Ipec/TVGlobo e Genial/Quaest usam a mesma metodologia. Ambas fazem entrevistas nas casas dos eleitores. O que elas diferem é no controle da amostra. Todas as empresas fazem algum tipo de controle prévio, como por exemplo a porcentagem de homens e mulheres ou a divisão por região do país.

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    Para chegar ao seu resultado, a Quaest prevê que terá ao final 38% de entrevistados com até 2 salários mínimos, que é o dado da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE de 2021. É o dado mais recente.

    O Ipec não faz esse controle prévio de renda, o que significa que só ao final eles calculam qual a repartição de salários dos entrevistas. Mesmo assim, as divisões de renda do Ipec se parecem muito com o da PNAD do IBGE de 2018. A diferença entre esses dois PNADs é que em 2021 havia o Auxílio Emergencial, o que aumentou a renda geral da população. Para comparar, o Datafolha não usa os números do IBGE, mas uma base própria de dados. Se houvesse um Censo, saberíamos quem tem razão.

    Compare a porcentagem de entrevistados por renda das principais empresas de pesquisas: 

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    Eleitores até 2 SM.       Eleitores 2-5 SM

    Datafolha.       51%                                 33%

    Ipec                  55%                                 25%

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    Quaest.            38%                                 40%

    Ipespe.            47%                                  37%

    Ideia                39%                                  40%

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    PoderData      46%                                  33%

    FSB.                 44%                                  38%

    Atlas                35,4%                               41,2%

    Como existe uma correlação entre os votos em Lula e eleitores mais pobres, quanto maior a porcentagem de entrevistados com menos de 2 salários mínimos maior a probabilidade de o candidato do PT sair melhor. O oposto é verdadeiro a favor de Bolsonaro. 

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