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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O gesto de Biden para Lula

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, deve representar os EUA na posse brasileira

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 nov 2022, 16h43 - Publicado em 18 nov 2022, 16h11
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  • A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, deve vir ao Brasil para a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em primeiro de janeiro, informaram fontes do Departamento de Estado. A confirmação de Harris como representante do governo Biden deve ser anunciada nas próximas semanas e pretende demonstrar uma reinauguração das relações entre os dois países. Na posse de Jair Bolsonaro, os EUA foram representados pelo secretário de Estado, Mike Pompeu.

    A equipe de transição e a Casa Branca negociavam uma visita de Lula aos EUA ainda antes da posse, como ocorreu em 2002 no governo George W. Bush, mas problemas de agenda devem adiar o encontro. É provável que Lula e Biden se encontrem no Fórum Econômico Mundial de Davos, marcado para ocorrer entre 16 e 20 de janeiro.

    A relação do governo Biden com o governo Bolsonaro é a pior entre os dois países desde os anos 1970. Trumpista radical, Bolsonaro foi o penúltimo líder mundial a reconhecer a vitória de Biden e mesmo depois disso manteve publicamente suas dúvidas sobre a lisura das eleições americanas.

    No governo Biden, Bolsonaro foi encarado como uma ameaça simultânea à Amazônia, pela sua política de incentivo ao desmatamento, e à democracia, por seus seguidos ataques à Justiça Eleitoral. Em julho, em visita ao Rio de Janeiro durante a 15ª Conferência de Ministros da Defesa das Américas, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd J. Austin III, e uma comitiva que inclui a comandante do Comando Sul dos EUA, general Laura Richardson, informaram ao ministro da Defesa brasileiro, general Paulo Sergio Nogueira, a possibilidade de fortes reações diplomáticas e comerciais caso o presidente Bolsonaro se recusasse a reconhecer uma derrota.

    A preocupação da Casa Branca com a possibilidade de uma repetição no Brasil do 6 de Janeiro das hostes trompistas era tamanha que o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, estava pronto para viajar ao Brasil logo depois do segundo turno caso Bolsonaro recorresse da vitória de Lula. Com o início da transição formal de governo, os diplomatas americanos em Brasília consideraram que a presenca de Sullivan não seria necessária.

    O principal tema da agenda bilateral Brasil EUA em 2023 será a Amazônia. Na quarta-feira, na Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, no Egito, o presidente eleito Lula se encontrou com o secretário especial de ambiente dos EUA, John Kerry, e acertaram a possibilidade de os EUA participarem como financiadores do Fundo Amazônia, o principal mecanismo internacional de proteção de florestas. O repasse dos recursos da Noruega e Alemanha no Fundo Amazônia foram suspensos no governo Bolsonaro depois que o então ministro Ricardo Salles tentou desviar parte do dinheiro para pagamento de indenizações a fazendeiros que tiveram terras desapropriadas no Rio Grande do Sul.

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