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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O freio de arrumação de Lula

Direção da campanha acredita em vitória no primeiro turno se candidato mantiver discurso moderado

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 Maio 2022, 10h04 - Publicado em 8 Maio 2022, 17h38

Em 46 minutos e 5.296 palavras, Lula da Silva encerrou cinco semanas de tropeços, erros, intrigas internas e munição para o adversário. No discurso como pré-candidato no sábado (07/05), em São Paulo, Lula centrou sua campanha na construção de uma frente política contra Jair Bolsonaro. Pontuando uma diferença radical com o atual presidente, Lula prometeu um governo de normalidade. “Para sair da crise, crescer e se desenvolver, o Brasil precisa voltar a ser um país normal, no mais alto sentido da palavra. Chega de ameaças, chega de suspeições absurdas, chega de chantagens verbais, chega de tensões artificiais”.

Nada no evento de evento de sábado foi por acaso. O discurso lido, algo raro nos mais de 40 anos de carreira de Lula, foi resultado de semanas de acalorados debates internos. Desde que era presidente, Lula não fazia um discurso tão centrista. Repetiu nove vezes a palavra “democracia”, jurou não guardar sentimento de vingança e trocou a promessa de “revogação da reforma trabalhista” pela defesa de uma “legislação civilizada”.

No cenário A dos estrategistas do PT, é possível vencer a eleição no primeiro turno. Eles acreditam que Bolsonaro tem um teto de 40%, alto o suficiente para anular os outros candidatos, mas que impede sua vitória. As seguidas ameaças bolsonaristas de contestação do resultado, no entanto, podem na avaliação do PT servir para convencer eleitores de Ciro Gomes, João Doria e Simone Tebet que é mais seguro votar em Lula no primeiro turno. Mas para isso, Lula terá de fazer uma campanha mais ao centro.

Esta tática começou no evento de sábado. Exceto a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, nenhum dos principais convidados estava de vermelho. Tanto Lula quanto o candidato a vice Geraldo Alckmin estavam de terno azul com camisa branca.

No telão do palco ao invés da tradicional estrela do PT, estava a bandeira do Brasil. Num dos raros improvisos, Lula afirmou que nem a ex-presidente Dilma Rousseff, nem o ex-ministro José Dirceu terão cargos num novo governo. Ele encerrou o discurso pedindo a “benção de Deus”.

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O tom monocórdico do discurso lido tirou a emoção, mas deixou claro os recados. “Queremos unir os democratas de todas as origens e matizes, das mais variadas trajetórias políticas, de todas as classes sociais e de todos os credos religiosos para enfrentar e vencer a ameaça totalitária”, disse, ao explicar o convite para que Alckmin seja seu candidato a vice.

Antes de Lula, também lendo um texto, Alckmin falou por 14 minutos por vídeo. Ausente ao lançamento por estar com Covid, Alckmin atacou Bolsonaro pelo viés fiscalista (“perdulário nas despesas públicas, despreparado na condução da economia, ineficiente administrativamente”) e defendeu a aliança como algo acima das divergências. “Disputas fazem parte do processo democrático, mas, acima das disputas, algo mais urgente e relevante se impõe: a defesa da própria democracia”, disse.

Discursos de candidatos não são feitos para dar voto, mas para dar o tom da campanha. Nas últimas semanas, pressionado pela resistência interna a Alckmin, Lula fez vários gestos à esquerda, da mudança da legislação trabalhista ao controle estatal da Petrobras. O zigue-zague incluiu erros estratégicos, como a defesa da legalização do aborto, desprezo a policiais e à ameaça de demissão dos militares. O discurso de sábado indica que a fase de improvisos pode ter acabado.

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