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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O efeito Janones

Em live, Lula muda mensagem e diz que só ele pode garantir Auxílio de R$ 600 para 2023

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 ago 2022, 09h10 - Publicado em 14 ago 2022, 17h05

Faltando uma semana para o segundo turno de 2018, o rapper Mano Brown participou de um comício ao lado do candidato petista Fernando Haddad, nos arcos da Lapa, no Rio. O clima era de festa, com Haddad falando ao lado de Chico Buarque e Caetano Veloso.

“Não tá tendo clima pra comemorar. Tá tendo quase 30 milhões de votos pra tirar (de diferença para Bolsonaro). Não estou pessimista. Sou realista. Não consigo acreditar pessoas que me tratavam com carinho, se transformaram em monstros. Se algum momento a comunicação falhou aqui, vai pagar o preço. A comunicação é alma. Se não conseguir falar a língua do povo, vai perder mesmo. Falar bem do PT para torcida do PT é fácil. Tem uma multidão que precisa ser conquistada ou vamos cair no precipício”, previu Brown.

O cantor tinha razão, Bolsonaro massacrou Haddad e por dois anos o PT promoveu dúzias de encontros internos para discutir mudanças na comunicação que deram em nada. Quase quatro aos depois, a campanha é um “vamo lá”, baseado unicamente na memória dos anos Lula.

Na sexta-feira (12/08), o recém-convertido lulista André Janones publicou no twitter um diagnóstico similar ao de Mano Brown:

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“Enquanto a esquerda não trocar “renda mínima” por “dinheiro pro povo”, “carta em defesa a democracia” ao invés de “carta em defesa do povo”, e “nossas diretriz de programa” por “nossas propostas para os brasileiros”, o Bolsonarismo continuará nadando de braçadas. A internet permitiu a ascensão de todas as classes do ponto de vista de comunicação. Todos falam e, com a devida proporção, formam opinião. A arrogância de alguns setores da elite intelectual não lhes permite compreender que João Gomes com o seu “piseiro” forma mais opinião hoje do que Chico e Caetano com sua genialidade. Essas eleições serão decididas nas cidades interioranas, cidade de 2, 3, 20 mil habitantes, totalmente fora do radar da esquerda, mas onde o Bolsonarismo tem livre acesso. Por lá, o Face é o WhatsApp por exemplo, não é uma rede, mas sim um “jornal”. O que sai por lá, vira verdade absoluta, instantaneamente. E o Bolsonarismo sabe bem disso. Esses que estão ali, esquecidos pela arrogância da nossa elite intelectual, por alguns setores da esquerda e pelos twiteros adoradores de Chico e Caetano Ou a gente sai das fiesps da vida, da USP e do Twitter e tomemos os grupos de Whats, as comunidades, as feiras populares e o interior do país, ou já era”.

Janones sabe do que fala. Ex-cobrador de ônibus, formado advogado graças a uma bolsa de estudos, foi um dos líderes da greve dos caminhoneiros de 2018. Terceiro deputado federal mais votado em Minas no mesmo ano, passou a ser o grande defender da distribuição do Auxílio Emergencial na pandemia. Janones tem 8 milhões de seguidores no Facebook, 2 milhões no Instagram e 1,5 milhões no Youtube, mais que Lula e todos os deputados do PT juntos. Ele era candidato a presidente até duas semanas atrás pelo partido nanico Avante e pontuava 2%, o mesmo que a senadora Simone Tebet, da aliança MDB-PSDB.

A chacoalhada de Janones fez efeito. No sábado de manhã (13/08), Janones e Lula fizeram uma live no Facebook com 1 milhão de visualizações _ um recorde para o candidato do PT. Na conversa, Lula acusou Bolsonaro de manter o Auxílio Brasil de R$ 600 só até dezembro e que somente ele, Lula, garantiria o reajuste para 2023. A mensagem simples e direta atinge o principal eixo do avanço bolsonarista entre os mais pobres.

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