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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Nem Tombini, nem Meirelles

Favorito para ser indicado por Lula, Gabriel Galípolo tentará caminho próprio para dirigir o Banco Central

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 ago 2024, 09h10

Gabriel Galípolo não é Alexandre Tombini, o presidente do Banco Central dos governos Dilma Rousseff que, para o mercado financeiro, virou sinônimo de intervenção presidencial nas decisões de política monetária.

Na quinta-feira à noite, favorito para ser indicado por Lula como futuro presidente do Banco Central, Galípolo fez a primeira avaliação pública sobre a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 31 de julho, que abriu a possibilidade de um novo ciclo de alta de juros. Num evento promovido pela Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito, Galípolo destacou que a projeção do IPCA até o primeiro trimestre de 2026, de 3,2%, é tratada pelo Copom como um desvio da meta de 3%. Ninguém sabia até agora se o BC estava tratando a diferença entre 3 para 3,2% como um fator decisivo.

“Ao comitê cabe estabelecer a taxa de juros num patamar restritivo o suficiente, pelo tempo que for necessário, para a persecução e alcance da meta. Não há nenhum espaço para tergiversação em cima disso”.

Ele reforçou que na reunião de 31 de julho, o Copom por unanimidade reconheceu por escrito na ata a hipótese de uma alta de juros em setembro e nas reuniões seguintes, embora a comunicação não tenha indicado de antemão se isso se confirmará.

Galípolo foi claro ao dizer que o balanço de riscos para a inflação é assimétrico, ou seja, os riscos altistas para a inflação superam os baixistas:

“Ele é assimétrico não só porque temos mais itens de risco para alta de inflação, três (fatores de alta) contra dois de risco de baixa, mas também por tudo que tem sido comunicado pelos integrantes do Copom e tudo que tem sido feito pelo Copom”, disse, citando preocupações com mercado de trabalho apertado e cenário externo incerto.

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Para quem acompanha política monetária como apenas um jogo de intriga política, as declarações foram uma surpresa. Por essa versão pueril, Galípolo seria um “novo Tombini”, uma marionete para obedecer aos desejos do Palácio do Planalto. É preciso uma certa dose de polarização para não supor que Galípolo sabe que a gestão de Tombini deu errado.

Perguntado diretamente no evento sobre a impressão de que os diretores indicados por Lula (incluindo ele) estão proibidos de votar por juros mais altos, Galípolo foi humilde:

“É absolutamente legítimo qualquer tipo de dúvida, e cabe a nós, os novos diretores, conquistar a credibilidade perante a sociedade. (…) Não faz muito sentido imaginar que você vai passar quatro anos sem poder fazer algo nesse sentido. Está muito claro, ao colocar na ata ‘de maneira unânime’, que todos os diretores estão dispostos a fazer aquilo que for necessário para perseguir a meta”.

Parece que foi há um século, mas apenas três meses atrás o Copom estava ainda cortando juros, com os cinco diretores indicados por Bolsonaro defendendo uma redução no ritmo de cortes para 0,25 ponto percentual, enquanto os quatro nomeados por Lula queriam 0,5 pp.

A divisão politizou o debate e ajudou a desancorar as expectativas da economia. Nas reuniões de junho e julho, os diretores de Bolsonaro e Lula decidiram por unanimidade pela estabilidade da taxa em 10,5%. Agora, Galípolo é o primeiro diretor a falar publicamente na possibilidade de alta.

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A reação do mercado ao discurso de Galípolo foi exultante: o dólar fechou a R$ 5,51, a menor cotação desde 17 de julho. O índice da Bolsa de valores de São Paulo bateu os 130 mil pontos, o patamar mais alto desde 27 de fevereiro.

O choque de realismo de se entender (finalmente!) que Galípolo será indicado por Lula como presidente do Banco Central mesmo se votar por uma alta de juros em setembro e novembro, não implica em cair na ponta oposta.

Como presidente do BC, Galípolo não será Tombini, mas _ para ficar numa comparação de governos petistas_ não será um Henrique Meirelles, o dirigente do BC nos dois governos Lula que subia e descia juros sem se importar com Lula.

No evento, Galípolo defendeu a liberdade de Lula opinar sobre política monetária e ressaltou a preocupação do presidente com o controle da inflação, tanto que manteve a meta de inflação em 3%, índice que só alcançado uma vez nos últimos 24 anos. “E o que foi feito ao longo desses últimos meses foi renovar, através do decreto da meta de inflação, a meta de 3%, modernizando a política monetária, trazendo a gente às melhores práticas com a mudança do ano-calendário para uma meta contínua, e com a manutenção dessa meta de 3% pelos próximos 36 meses. O recado está claro”, disse.

Mais cauteloso do que Campos Neto nas suas intervenções públicas, Galípolo fez uma crítica à comunicação do BC. “Que pelo menos o Banco Central não seja uma fonte adicional de volatilidade e que o mercado, os agentes e a sociedade possam entender o que o Banco Central está vendo e tentar não ser o Banco Central uma fonte de surpresa a partir dessa reação com os dados que estão chegando”.

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Em português, a declaração significa uma preocupação em dar mais sinais prévios sobre seus atos. O alvo nesse caso foi a mudança que Campos Neto fez antes do Copom que dividiu os diretores em maio, sem ter uma conversa anterior. Outra mudança provável na futura gestão será incentivar os diretores do BC a ouvirem entidades empresariais e sindicais e não apenas o mercado financeiro. Nesta segunda-feira, por exemplo, o BC divulga o piloto da Pesquisa Firmus, que capta a percepção de empresas não financeiras quanto à situação de seus negócios e às variáveis econômicas que podem influenciar suas decisões.

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