Existe uma máxima no jornalismo de que sem novidade, não tem notícia. Errado. Duas novas pesquisas divulgadas na quinta (13) e sexta-feira (15) mostram que o cenário eleitoral de janeiro é similar ao de dezembro que, por sua vez, já era parecido com o de novembro. E esta estabilidade nos indicadores é a força política mais importante deste início de ano. Primeiro vamos aos números:
Pesquisa Ideia/Exame
Estimulada
Lula 41(+4 pontos percentuais)
Bolsonaro 24 (- 3 pp)
Moro 11 (-1 pp)
Ciro 7 (+1pp)
Pesquisa Ipespe/XP
Lula 44% (igual)
Bolso 29% (igual)
Moro 9% (igual)
Ciro 7% (igual)
A oscilação dos números dentro da margem de erro ou a sua repetição desde que Sergio Moro entrou na disputa mostra que o eleitorado está se acostumando a um quadro: Lula lidera com grande vantagem com mais de 40% dos votos; Bolsonaro tem um piso de 20% e nenhum dos terceiros nomes deslanchou. Em novembro, podia-se argumentar que este era um quadro que poderia sofrer muitas mudanças até as eleições. Em dezembro, que ainda faltavam dez meses para as eleições. Bem, agora faltam nove meses e não há nada (repito nada) que aponte que as pesquisas são mudar até abril ou até depois disso. A estabilidade do quadro só favorece um candidato, Lula da Silva.
“O eleitor está se acomodando com a possibilidade de o Lula voltar a ser presidente”, analisa Maurício Moura, da Ideia. “Existe cerca de 20% do eleitorado que não é ideológico. Ele já votou no Lula, já votou no Bolsonaro e, agora, rejeita esse governo. Ele quer mudar. Ele olha e a única opção viável da oposição é o Lula, então ele vai de Lula”.
“A estabilidade favorece o Lula, que está com sua rejeição em baixa e ampliou sua vantagem em um eventual segundo turno contra o Bolsonaro”, diz Antonio Lavareda, do Ipespe.
Esse vento favorável a Lula pode ser visto em outro dado das pesquisas, quando os entrevistados são perguntados quem são os seus candidatos sem a apresentação dos nomes. Nessa pesquisa espontânea, o resultado é
Ideia
Lula 34%
Bolso 20%
Ciro 4%
Moro 4%
Ipespe
Lula 35%
Bolso 25%
Moro 4%
Ciro 3%
“A intenção de voto espontânea de Lula tem evoluído em regiões como Centro-Oeste, tem se fortalecido no Sudeste e até mesmo há saldos positivos em subsegmentos tradicionalmente aliados a Bolsonaro, como o dos evangélicos”, disse Moura.
O Ipespe analisou ainda a possibilidade da chamada “terceira via” (Sergio Moro e João Doria) se unirem. O resultado foi nulo, com os números oscilando na margem de erro. Perguntados pelo Ipespe quem eles acham que seria eleito, 58% dos eleitores responderam Lula, 28% Bolsonaro e apenas 3% Sergio Moro. “O eleitor não enxerga viabilidade nos demais candidatos”, afirmou Lavareda.