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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Inelegibilidade antecipa atos de Bolsonaro para achar sucessor

Escândalo das joias dificulta volta de ex-presidente para ajudar o filho Flávio

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 mar 2023, 14h36 - Publicado em 15 mar 2023, 14h33
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  • O escândalo das joias das Arábias gerou um entrave nos planos de Jair Bolsonaro. Em um evento para expatriados brasileiros em Orlando, nos Estados Unidos, na noite da terça-feira, dia 14, o ex-presidente reconheceu pela primeira vez a possibilidade de ser considerado inelegível pela Justiça Eleitoral. Bolsonaro pretendia voltar ao Brasil ainda neste mês para organizar sua sucessão, mas o efeito do caso das joias o colocou na defensiva.

    Correm no Tribunal Superior Eleitoral dezesseis processos contra Bolsonaro, sendo que ele identificou como o de maior risco o julgamento da sua postura quando convocou dezenas de embaixadores para colocar em suspeita a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro. O presidente queria com a reunião obter apoio internacional à querela com o TSE, mas o efeito foi o contrário – com dezenas de países reconhecendo a vitória de Lula da Silva horas depois da decretação do resultado.

    “Existe a possibilidade de inelegibilidade sim, mas a questão de prisão só se for arbitrariedade”, disse Bolsonaro na terça-feira, respondendo sobre o que pode ocorrer consigo quando voltar ao país. No mesmo evento americano, Bolsonaro se reencontrou com a mulher, Michelle, que estava no Brasil. O PL, partido dos Bolsonaros, encomendou pesquisa para avaliar as chances de Michelle ser candidata a presidente em 2026.

    A lógica bolsonarista, no entanto, é preparar a campanha do filho Flávio Bolsonaro a prefeito do Rio de Janeiro e torná-lo a opção natural para enfrentar o PT em 2026.

    A ausência de Bolsonaro da política cotidiana desde a derrota de 30 de outubro, contudo, mostrou fraqueza. O seu ex-ministro e governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, está ocupando o espaço da direita e centro-direita. No domingo, a Folha de S.Paulo publicou entrevista com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, que chamou Bolsonaro de “turista nos EUA” e lançou Tarcísio a candidato em 2026. Tarcísio está filiado ao Republicanos, o principal partido religioso brasileiro, com 41 deputados e 4 senadores. Outro possível nome para 2026 é o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que tomou uma postura de extrema-direita, defendendo a intentona golpista de 8 de janeiro.

    Dos EUA, Bolsonaro não consegue organizar a oposição e garantir a fidelidade de políticos a quem ajudou a eleger. Sem explicar o episódio das joias árabes de R$ 17 milhões, no entanto, fica difícil. Os bolsonaristas radicais vão continuar acreditando no que quer o ex-presidente, mas a possibilidade de o presente ser uma propina tira de Bolsonaro o discurso da anticorrupção que lhe ajudou tanto em 2018.

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