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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Como o futebol explica a eleição

Favoritismo de Lula e Bolsonaro se deve à equipes entrosadas, os melhores acordos regionais e maior militância

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 fev 2022, 08h00

Se você perguntar àqueles que acompanham minimamente o futebol quem vai ser campeão brasileiro deste ano é impossível receber uma resposta honesta que exclua, por ordem alfabética, o Atlético Mineiro, o Flamengo e o Palmeiras. Os três são, de longe, os times com os melhores jogadores, que por sua vez são também os mais bem pagos e que jogam há mais tempo juntos. Os três clubes têm patrocínios de longo prazo, capacidade de adquirir novos atletas, se necessário, estrutura de treinos e torcidas fanáticas. Por maior a minha torcida pelo Fluminense, reconheço neles um outro patamar.

O quadro eleitoral é parecido. Lula da Silva e Jair Bolsonaro são conhecidos por quase todos os brasileiros. Quando perguntados em quem pretendem votar, dois de cada três eleitores espontaneamente respondem um dos dois nomes. Ambos terão candidatos a governador competitivos nos principais estados, além do apoio de centenas de deputados que buscam a reeleição. Lula e o PT venceram as últimas cinco eleições no Nordeste, enquanto Bolsonaro tem base no agro no Sul e Centro Oeste. O PT tem uma militância histórica. Bolsonaro tem seguidores fiéis mesmo nos seus piores momentos. Os dois candidatos já tem equipes profissionais trabalhando pela campanha desde o ano passado.

É difícil achar um brasileiro que não tenha opinião formada contra ou a favor dos dois candidatos, e esse conhecimento produz fidelidade. Quem vota em Lula ou Bolsonaro sabe no que está votando e no governo que espera ter a partir de 2023 (se as condições econômicas e políticas vão permitir é outra história).

Já os demais candidatos são como os clubes de segunda linha do Brasileirão. Podem ser esforçados, ganhar aqui ou ali dos favoritos em um confronto, mas não tem o reconhecimento de marca, equipes entrosadas, acordos regionais e as militâncias aguerridas de Lula e Bolsonaro. Voltando a comparação futebolística, podem até vencer um clássico como o meu Fluminense fez no domingo, mas num campeonato de longa duração a história é outra. E a campanha eleitoral é uma maratona.

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Ciro Gomes é forte no Ceará e, nessa nova versão gamer, cresceu sua popularidade entre os mais jovens. Mas o PDT não tem candidato a governador viável em quase nenhum Estado e Ciro perdeu tempo na hipocrisia de se apresentar como um antilula, tendo ele mesmo sido parceiro do PT por anos. Sergio Moro é forte entre aqueles que consideram a corrupção o maior problema brasileiro, mas sofre rejeição irreparável entre lulistas e bolsonaristas, não desenvolve apoios para além da Lava Jato e tem apoio político quase nulo. Em 2018, o discurso antipolítica de Moro seria imbatível. Quatro anos depois, as pessoas querem menos powerpoint do Deltan Dallagnol e mais saber como pagar as contas no fim do mês. João Doria foi responsável pelo início da vacinação, faz uma boa gestão como governador, mas sequer chega a dois dígitos em São Paulo.

As eleições brasileiras são historicamente voláteis, mas racionalmente os fatos apontam para um cenário no qual Lula ou Bolsonaro vencerão no fim das contas. Acreditar em milagres pode fazer sentido para torcedores de futebol, mas não para a análise política.

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