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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Bolsonaro perde primeiro debate na TV

Ataques do presidente às mulheres jogam por terra esforço da campanha de melhorar desempenho no eleitorado feminino

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 ago 2022, 11h53 - Publicado em 29 ago 2022, 09h49
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  • O primeiro debate presidencial foi ruim para o líder Lula da Silva, mas pior para Jair Bolsonaro. Depois de um desempenho acima da média no Jornal Nacional de quinta-feira (25/08), Lula jogou na defensiva no debate da Band e não conseguiu sequer responder uma pergunta previsível sobre corrupção nos governos do PT. O que o ex-presidente queria era não parecer agressivo nem entrar em conflito. O que conseguiu foi parecer não ter respostas.

    Ironicamente, Lula foi salvo por Bolsonaro. Citado em pergunta sobre a queda no índice de vacinação, Bolsonaro atacou a jornalista Vera Magalhães. “Acho que você dorme pensando em mim, você não pode tomar partido num debate como esse. Você é uma vergonha para o jornalismo”, disse. A senadora Simone Tebet saiu em defesa da jornalista e também foi alvo do presidente. “A senhora é uma vergonha para o Senado, não vem com essa historinha de que eu ataco mulheres, de se vitimizar.”

    Todos os grupos de qualis que acompanhavam o debate rechaçaram as declarações de Bolsonaro. “Ele é aquele homem que só bate em mulher”, disse uma mulher paulista da classe C, que estava indecisa antes do início do debate. Nos grupos acompanhados pela campanha bolsonarista o resultado foi similar, e no intervalo do debate assessores convenceram Bolsonaro a tentar amenizar a resposta. O presidente saiu-se citando a mulher Michelle Bolsonaro, disse que é acusado de ser contra mulheres “sem prova nenhuma”. “Chega de vitimismo, somos todos iguais, não fica aqui fazendo mimimi”, disse ele a Tebet.

    De acordo com a pesquisa Ipec, Bolsonaro tem 32% das intenções de voto gerais, mas apenas 27% entre as mulheres. Com Lula ocorre o inverso. Ele tem 42% no geral e 47% no eleitorado feminino. A resistência a Bolsonaro ultrapassa região, idade e religião. Em todos os segmentos, os votos masculinos para Bolsonaro são maiores que os femininos. Sem equilibrar essa relação, o presidente não ganha a eleição.

    Por isso, as agressões à jornalista e à senadora terão custo alto. Bolsonaro tentava reduzir sua rejeição junto às mulheres mais pobres usando a mulher Michelle, O debate desde domingo jogou o trabalho por terra.

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    O presidente demonstrou estar desacostumado a ser questionado, por estar sempre em ambientes controlados, como sua live das quintas-feiras e o cercadinho do Alvorada.

    Debates com candidatos sem chance de vitória criam uma dinâmica diferente. Esses candidatos nada têm a perder e são pouco conhecidos por terem espaço mais escasso. Assim, ficam livres para ajudarem uns aos outros e atacar os maiores.

    Simone Tebet foi o destaque do debate. Bateu sistematicamente em Bolsonaro em todas as suas perguntas e deu respostas consistentes. “Ela falou firme sem ser grosseira”, disse uma eleitora mineira, do grupo de pesquisas. Na pesquisa Quaest sobre repercussão do debate no Twitter, Tebet foi a segunda candidata mais elogiada, atrás de Ciro Gomes. Um feito para quem não tem uma militância.

    Ciro Gomes atacou os dois: chamou Lula de corrupto e de mentir sobre seu governo; disse que Bolsonaro não tinha coração e lembrou do que o presidente disse durante a pandemia, além de chamá-lo de corrupto e acusá-lo de corromper os próprios filhos e ex-mulheres. Se Ciro fosse equilibrado na campanha como foi no debate, poderia estar mais bem colocado.

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