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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Bolsonaro abandona brasileiros na Ucrânia

Depois de afirmar que Putin 'quer a paz', governo diz que brasileiros devem deixar guerra 'por meios próprios'

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 fev 2022, 13h02

O governo Bolsonaro decidiu que os cerca de 500 brasileiros que vivem na Ucrânia devem se virar sozinhos para deixar o país em segurança. “Não há condições de se fazer uma operação de resgate. O espaço aéreo ucraniano está fechado, há conflagração no terreno. Não se faz missão como essa em país conflagrado. Resgate por avião não é viável agora. O transporte próprio, por enquanto, é mais simples, rápido e seguro”, afirmou, em Brasília, o embaixador Leonardo Gorgulho, secretário de Comunicação e Cultura do Ministério das Relações Exteriores.

É o mesmo tom do comunicado da Embaixada brasileira em Kiev divulgou horas depois da invasão das tropas russas: “recomendamos que os brasileiros que estejam em condições de deslocar-se por meios próprios para outros países ao oeste da Ucrânia que o façam tão logo possível, após informarem-se sobre a situação de segurança local”.

Em português claro: “se virem”.

Como mostrou a seção Maquiavel, o grupo de jogadores brasileiros do clube de futebol Shakhtar Donetsk teve se esconder no subterrâneo de um hotel em Kiev, capital da Ucrânia, para se esconder das bombas jogadas na vizinhança.

A possiblidade de invasão da Ucrânia está em todos os jornais desde a virada do ano, mas os brasileiros são os únicos que tiveram um presidente que, depois de se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, assegurou que não haveria guerra. Bolsonaro se disse “solidário” com a Rússia e que Putin “busca a paz”.

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O governo Bolsonaro foi um dos poucos a não condenar abertamente a invasão russa, fazendo uma defesa genérica “à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática”. Na sua live via Facebook, Bolsonaro foi mais duro com o vice-presidente Hamilton Mourão, que havia condenado a invasão, do que com Putin.

Ao lado do ministro das Relações Exteriores, Carlos França, Bolsonaro voltou a elogiar o líder russo. “Nós somos da paz, nós queremos a paz. Viajamos em paz para a Rússia. Fizemos um contato excepcional com o presidente Putin. Acertamos a questão dos fertilizantes para o Brasil”, disse Bolsonaro. Depois, no twitter se disse “totalmente empenhado” em proteger os brasileiros na Ucrânia. Lorota.

A embaixada brasileira em Kiev havia cadastrado até quinta-feira (24/02), 160 pessoas interessadas em deixar a Ucrânia. Eles receberam um endereço de Facebook e Telegram para obter informações. Hoje o comunicado da embaixada aos brasileiros era o de “abrigar-se em um local seguro, acompanhar as notícias e aguardar”.

Nesta sexta (25/02), Bolsonaro participou de um evento do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e discursou por quase 20 minutos. Falou, entre outros assuntos, da relação com o ministro da Economia, Paulo Guedes, mencionou a troca no comando do instituto e de medidas adotadas durante a pandemia. Sobre Ucrânia, nada.

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