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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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A tensão na reta final

Possibilidade de Lula vencer no primeiro turno ampliam boatos golpistas

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 26 set 2022, 10h07
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  • Com Lula da Silva na margem de erro para ganhar no primeiro turno, a semana será de tensão. Pesquisas serão divulgadas quase todos os dias, a propaganda política no rádio e TV termina na quinta-feira, debate na TV Globo pode decidir se a eleição chega ao segundo turno e haverá um sem-número de indicativos de que bolsonaristas não aceitarão pacificamente uma derrota.

    A agenda de pesquisas nacionais:

    Segunda-feira (26): IPEC/TvGlobo e FSB/BTG

    Quarta-feira (28): Genial/Quaest e PoderData

    Quinta-feira (29): Ideia/Exame e Datafolha/TvGlobo

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    Sábado (01): Datafolha, Ipec, Genial/Quaest, Ipespe/Abracel e PoderData

    Na quinta-feira (29), Lula da Silva e Jair Bolsonaro participam do último debate do primeiro turno. O debate do SBT no sábado (24) foi uma amostra da tática da equipe de marketing do presidente: por um lado usa a língua de aluguel do falso padre Kelman Souza para atacar o PT em temas como aborto e do outro tenta mostrar o candidato de uma forma mais presidencial. A novidade no debate do sábado foi a ajuda que Bolsonaro teve de Ciro Gomes. A resiliência da candidatura de Ciro é fundamental para garantir um segundo turno. Já a senadora Simone Tebet, que teve o melhor desempenho do debate, demarcou território ao atacar Bolsonaro, mas não Lula.

    Num canal de TV que o apoia ostensivamente, Bolsonaro teve seu bom desempenho ao deixar suas obsessões e falar claramente em Auxílio Brasil, mulheres e fazer um aceno ao Nordeste. A conversão do presidente ao modelo de candidato racional, contudo, talvez tenha sido tarde demais.

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    No domingo, ele cumpriu a decisão do ministro Benedito Gonçalves, corregedor-geral da Justiça Eleitoral, que o proibiu de realizar transmissão de transmissões eleitorais nas dependências internas do Palácio da Alvorada. Embora seja compreensível a revolta de Bolsonaro, a mesma decisão já existia em 2014 na campanha de reeleição de Dilma Rousseff. A gravação de Bolsonaro foi no comitê do PL.

    Mas Bolsonaro, afinal, é Bolsonaro. Na quinta-feira (22), em entrevista à TV A Crítica, ele voltou a mentir a respeito de uma suposta fiscalização por militares na eleição. “As Forças Armadas pretendem colocar técnicos deles dentro da sala cofre do TSE. Uma sala que ninguém conhece o que acontece lá dentro. Assim como a PF parece que vai fazer a mesma coisa e a CGU, a mesma coisa. Mas eu repito: chance de fraude diminui bastante, mas não fica zerado”, afirmou o presidente.

    No sábado (24), centenas de milhares de paranaenses receberam mensagem SMS com a ameaça golpista: “vai dar Bolsonaro no primeiro turno! Senão, vamos à rua para protestar! Vamos invadir o Congresso e o STF! Presidente Bolsonaro conta com todos nós”. O governo do Paraná culpou a empresa Algar Telecom, que reconheceu que houve “um acesso indevido à plataforma, com um IP que não pertence à operadora”. Até o domingo, o autor da fraude não havia sido identificado. É previsível que mensagens com teor semelhante sejam espalhadas nos próximos dias em vários outros Estados.

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    Em sua coluna na Americas Quarterly, o editor Brian Winter descreveu que um banco brasileiro encomendou à uma consultoria de risco política uma avaliação sobre o quais generais, almirantes, brigadeiros e comandantes das Polícias Militares estariam inclinados a apoiar um golpe. “A conclusão do estudo é que as figuras chave vão seguir a Constituição, mas o simples fato que um relatório desses foi produzido diz muito sobre onde estamos em 2022”, escreveu Winter.

    Como dois e dois são quatro, Bolsonaro não irá aceitar uma derrota, mesmo que ela ocorra no primeiro turno. Ele irá contestar o resultado na Justiça e levar milhares de eleitores às ruas para protestar. Serão dias difíceis. Prevendo isso, uma articulação da Casa Branca pretende reconhecer o vencedor das eleições assim que o TSE divulgar seus dados, postura que será seguida pela União Europeia e a maioria dos países latino-americanos.

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