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Thomas Traumann Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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A nova batalha de Guedes com os generais

Apoio de general à medida pró-servidores reabre embate do ministro com o Planalto

Por Thomas Traumann
6 Maio 2020, 17h09
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  • É cada dia mais difícil a vida do ministro da Economia, Paulo Guedes. Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro fez um teatro ao lado de Guedes, afirmando que o ministro seguia como seu Posto Ipiranga e que os militares não iriam interferir na economia. Acreditou quem quis. Com autorização do ministro general Luiz Ramos, responsável pela articulação política do governo, a Câmara aprovou ontem (05/5) uma mudança no projeto de auxílio da União para os Estados que abre um rombo no congelamento dos salários dos servidores públicos.

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    Pela emenda do novo melhor amigo do Planalto, o líder do PP, deputado Arthur Lira, e do próprio líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo, ficaram excluídos do congelamento de salários os servidores das polícias Federal e Rodoviária Federal, agentes penitenciários, técnicos e peritos criminais, agentes socioeducativos, garis e assistentes sociais e policiais legislativos. No Senado, com aval do general Ramos, as Forças Armadas já haviam sido retiradas da proibição de aumentos.

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    A limitação aos reajustes de salários de servidores públicos era uma pré-condição pessoal de Guedes para ajudar os Estados. Como ele mesmo havia defendido ao lado do presidente na semana passada, “precisamos também que o funcionalismo público, mostre que está com o Brasil , que vai fazer sacrifício pelo Brasil , não vai ficar em casa trancado com a geladeira cheia , assistindo a crise , enquanto milhões de brasileiros estão perdendo emprego”. Faltou combinar com os generais.

    A porteira aberta para exceções salariais é mais um embate do ministro com os militares. No mês passado, sem a presença de Guedes, o ministro da Casa Civil, general Braga Neto, anunciou um programa batizado de Pró-Brazil, uma colcha de retalhos de obras estatais paralisadas que custaria R$ 350 bilhões em dez anos. Guedes corretamente comparou o projeto a PAC dos governos Lula e Dilma, programa no qual o Estado apoiou o crescimento econômico através de financiamento público de projetos de infraestrutura. É tudo a que Guedes sempre se opôs. A reclamação do ministro fez os militares informarem que o Pró-Brasil estará “congelado” até julho, mas não engavetado.

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    O próximo desafio de Guedes será impedir a extensão do auxílio emergencial de R0 que está sendo distribuído para trabalhadores desempregados, informais e autônomos atingidos pela crise do coronavírus. O auxílio deverá terminar em junho, mas o vice-presidente, general Hamilton Mourão, já defendeu a sua prorrogação. No Planalto, há um consenso de que os R$ 600 são fundamentais para impedir a queda da popularidade do presidente.

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    A construção de um Plano B na economia mostra um Paulo Guedes segregado no governo. Isso não significa, necessariamente, que ele vá sair. O ministro tem boas relações pessoais com Bolsonaro e acredita que sempre pode convencer o presidente de que ele, Guedes, está certo. Mas o isolamento é visível.

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    Na semana passada, Guedes e o e o secretário de Desestatização e Privatização, Salim Mattar, fizeram longa exposição aos ministros militares para tentar convencê-los de que será preciso acelerar um plano de R$ 150 bilhões em privatizações e vendas de ações federais em empresas. O número _como quase todos apresentados pela equipe econômica_ não é factível, mas isso importa pouco. O fato é que o público da apresentação _ os generais Braga Neto e Luiz Ramos, entre outros _ não se convenceu.

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    Comandantes da Economia fracos são raros na história recente. No governo Sarney, Maílson da Nóbrega tocou o barco depois de um congelamento fracassado apenas para encerrar a gestão. No governo Collor, Zélia Cardoso de Mello pagou sozinha o preço político do fracasso do confisco da poupança. No governo Dilma, Guido Mantega chegou a ser excluído de decisões comezinhas. Nenhum dos três antecessores é um bom agouro para Paulo Guedes.

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