Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
Continua após publicidade

A independência de Zema

Governador de Minas testa ser o herdeiro do bolsonarismo sem Bolsonaro

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 out 2023, 12h24

O governador Romeu Zema tateia no escuro para achar um caminho para herdar a massa de antipetistas organizada em torno de Jair Bolsonaro. O descarrilamento do poder político de Bolsonaro é um fenômeno ainda em curso, mas o fato de um eventual sucessor buscar luz própria indica que ele considera a perda de influência do ex-presidente como inevitável. Medir o poder de Bolsonaro em transferir sua popularidade para outro é o maior desafio da direita brasileira.

Na semana passada, Zema participou, em Belo Horizonte, de evento da Conservative Political Action Conference, organização norte-americana trazida ao Brasil por Eduardo Bolsonaro, e tentou colocar a cabeça para fora. “No ano que vem, temos de eleger bons vereadores e bons prefeitos aqui em Minas e em todo Brasil e a direita precisa trabalhar unida, nós temos de estar juntos, não podemos…”, disse o governador, sendo interrompido em seguida aos berros por uma mulher que disse ter sido demitida da estatal Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) por não ter se vacinado contra a Covid-19. Zema encerrou o discurso imediatamente.

“Muito bacana esse papo de unir a direita, mas quando se olha a realidade, quem propaga não mexe uma palha pela tal ‘Direita’. Não pergunta. Não oferece ajuda. Não articula. Finge de morto. Típico gafanhoto”, escreveu o porta-voz informal de Bolsonaro, Fabio Wajngarten.

A diferença de outros políticos é que Zema não recuou. “Sou de um partido diferente dele (Bolsonaro). Durante a pandemia, tive uma posição totalmente diferente da dele. Tanto é que Minas Gerais foi o estado, excluindo os do Norte e Nordeste, com a menor taxa de mortalidade no Brasil. Está aí um exemplo claríssimo”, disse. E cutucou os filhos do ex-presidente: “em Minas Gerais, apesar de nós termos 320 mil funcionários públicos, eu não tenho nenhum parente. Então, também temos aí uma diferença. Família para lá, negócios e carreiras para cá. São algumas diferenças”, disse.

Continua após a publicidade

A reação foi imediata. Eduardo Bolsonaro lembrou de uma reportagem de que lojas de Zema foram flagradas abertas em meio ao isolamento social para ironizar: “‘Vamos unir a direita’, ‘Família para lá, negócios para cá’. A propósito, eu e meus irmãos fomos eleitos (e bem eleitos graças ao Jair Bolsonaro)”, disse o filho 03. O filho 02, Carlos Bolsonaro, chamou o governador de Minas de “insosso e malandro que traz consigo uma colocação ardilosa digna de João Doria, aquele que pede desculpas a Lula depois de sempre ter usado Bolsonaro”.

É uma tática nova. Zema tentava até aqui colar o seu nome a Bolsonaro. Ele apoiou o ex-presidente com vigor no segundo turno de 2022, quase virou o jogo em Minas Gerais, foi o único governador a ecoar as suspeitas de que o governo Lula permitiu os ataques de 8 de janeiro, e em agosto entregou a Bolsonaro o título de cidadão honorário de Minas. O título havia sido concedido em 2019 e foi desengavetado por Zema sem necessidade, além de mostrar um desagravo a Bolsonaro depois da decretação da sua inelegibilidade e do escândalo das jóias. Como a tentativa de aproximação não funcionou, Zema escolheu outro caminho. O governador não deve apoiar o candidato de Bolsonaro a prefeito de Belo Horizonte, o deputado estadual Bruno Engler.

Na cidade de São Paulo, onde segundo o Datafolha 68% dos entrevistados disseram se recusar a votar num candidato apoiado por Bolsonaro, o prefeito Ricardo Nunes também ensaia independência. Depois de tentar e não conseguir um apoio explícito do ex-presidente, Nunes disse não ter “proximidade” com o ex-presidente, embora continuasse aguardando seu apoio. Coube a Wajngarten novamente admoestar a tentativa de autonomia. “Ninguém, repito ninguém, se apropriará de votos bolsonaristas e deixará Bolsonaro distante”, escreveu. As movimentações de Zema e Nunes mostram que eles não acreditam nisso.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.