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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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A bancada da fé

Livro mostra o nascimento e organização política dos evangélicos no Congresso

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 set 2024, 08h20
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  • Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão conjunta do Congresso Nacional destinada à deliberação dos vetos de nºs 46 de 2021; 30 e 65 de 2022; 9, 14 (dispositivos 1 a 3, 5 a 53, 55 a 58, 61 a 64, 66, 67, 109 a 114, 116, 119 a 315, 317, 319 a 390 e 393 a 397), 18, 26 (dispositivos 3 e 5 a 10), 36 (dispositivo 3), 39, 41, 45 (dispositivo 10), 46 (dispositivos 1 a 3, 6, 8 a 12 e 14), 47 (dispositivos 9 a 17) e 48 de 2023; e 1, 4 (dispositivo 64) e 8 de 2024; PLNs nos. 1, 2 e 5 a 11 de 2024; e eleição complementar do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional. Em discurso, à tribuna, Mesa: presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG); secretário-geral da Mesa do Senado Federal, Gustavo A. Sabóia Vieira. Bancada: líder do governo no Senado Federal, líder do governo no Congresso Nacional, Em pronunciamento, à bancada, Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
     (Waldemir Barreto/Ag. Senado)

    Nêmesis do governo Lula, a organização dos evangélicos no Congresso nasceu do debate sobre orientação sexual. O ano era 1987 e o relator do capítulo da Constituição sobre os Direitos Humanos e Minorias, senador José Paulo Bisol, havia escrito no seu parecer que entre as garantias de cada brasileiro estava a de não ser discriminado pela “orientação sexual”. “Isso precisa ser eliminado”, discursou o deputado e pastor Antônio de Jesus. Logo depois outro deputado evangélico, Costa Ferreira, disse que o artigo colocaria na cadeia quem “achasse feio” dois homens se acariciando em público. Um terceiro parlamentar religioso, José Fernandes, defendeu o fim do preconceito, mas com a substituição de palavra “orientação” por “comportamento” ou “desvio sexual”.

    Bisol foi, inicialmente, irônico, dizendo que se quisessem manter o preconceito contra as minorias os deputados deveriam propor a emenda “é permitido discriminar os homossexuais”.  Embora dos 59 deputados da comissão apenas 8 se declarassem evangélicos, a reação mostrou pela primeira vez a capacidade do grupo de formar alianças com outros setores, como os parlamentares ligados à igreja católica e os ruralistas. 

    Pressionado, Bisol aceitou trocar a expressão “orientação sexual” por “comportamento sexual”, o que foi aceito inicialmente pelos deputados evangélicos, mas a trégua durou pouco. Na votação final, o deputado José Fernandes voltou à tribuna e afirmou que aprovar o artigo traria ao Brasil “a maldição que assolou Sodoma e Gomorra”. A exclusão do artigo foi aprovada por 317 votos a 130.

    No livro “A Bancada da Bíblia” (editora Todavia, 304 páginas, custando R,22 o livro e R$ 61,96 a versão eletrônica), o jornalista André Ítalo Rocha recupera o episódio como o batismo da ação política das igrejas evangélicas. Embora tivessem apenas 32 dos 559 constituintes, os evangélicos conseguiram agir com unidade, usar seus fiéis para pressionar os parlamentares e serem reconhecidos como nova força política. Na mesma constituinte, os evangélicos foram a ponta de lança para a aprovação do mandato de cinco anos para o presidente José Sarney em troca de concessões de dezenas de emissoras de rádio e tv. 

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    A bancada evangélica, diz Ítalo Rocha, reúne interesses contraditórios que muitas vezes refletem a competição entre as igrejas. Isso explica a capacidade de metamorfose de vários líderes religiosos em apoiar e repudiar governos de esquerda ou de direita num zigue-zague ideológico tão plural quanto as interpretações da Bíblia. 

    Maior fenômeno social brasileiro do século 21, o avanço do evangelismo no País produziu ótimos livros. Juliano Spyer, em “Povo de Deus”, e Victor Araújo, em “A Religião Distrai os Pobres?”, são essenciais. Anna Virginia Balloussier, em “O Púlpito”, retrata o fenômeno pela ótica de quem crê.  Bruno Paes Manso detalhou as ligações cruzadas dos ‘traficrentes’ em “A Fé e o Fuzil”. Gilberto Nascimento na biografia de Edir Macedo “O Reino” e Andrea Dip, em “Em nome de quem?” mostram o projeto de poder que inspira muitos líderes religiosos. Ítalo Rocha retrata o crescimento dos evangélicos pelos seus passos nos corredores verde e azul do Congresso Nacional.

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