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Review – ‘Suburbia’, primeiro episódio

A nova minissérie de Luis Fernando Carvalho (Hoje é Dia de Maria), escrita em parceria com Paulo Lins (Cidade de Deus), estreou na véspera de feriado do Dia de Finados. Quem não estava na estrada e assistiu ao episódio, conseguiu acompanhar o início de mais uma bela produção do diretor, que se destaca na Globo […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 31 jul 2020, 07h30 - Publicado em 2 nov 2012, 11h52
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  • A nova minissérie de Luis Fernando Carvalho (Hoje é Dia de Maria), escrita em parceria com Paulo Lins (Cidade de Deus), estreou na véspera de feriado do Dia de Finados. Quem não estava na estrada e assistiu ao episódio, conseguiu acompanhar o início de mais uma bela produção do diretor, que se destaca na Globo como um dos poucos a conseguir fazer um trabalho mais autoral. Suburbia não parece ser tão interessante ou marcante quanto as produções anteriores de Carvalho, mas vale a pena acompanhar.

    Em entrevistas, o diretor disse que este é seu trabalho mais realista. No entanto, ao menos em seu primeiro episódio, a minissérie mantém um pé fincado nos contos de fadas e na linguagem poética, tanto em sua história quanto em seu visual. Conceição é uma ‘gata borralheira’ que, após muito sofrimento, os quais não derrubam seu espírito ou despedaçam seus sonhos, se transforma(rá) em princesa.

    Suburbia tem início no interior de Minas Gerais, na década de 1980. Conceição é uma menina pobre que trabalha com os pais e o irmão em uma carvoaria. Em meio à sujeira e às péssimas condições de vida, ela alimenta seus sonhos de um dia conhecer o Pão de Açúcar. Sua ‘amiga’ é a égua Rapunzel que, em uma cena vista em dezenas de filmes americanos, se despede de Conceição como um cachorro de seu dono, no momento em que ela pega um trem deixando sua vida miserável para trás.

    A menina chega no Rio de Janeiro sã e salva no carnaval de 1986. Alimentando a imagem de conto de fadas que Conceição tem da cidade, as pessoas circulam à sua volta vestindo fantasias. A realidade interrompe o momento mágico em que ela vive quando a polícia a confunde com uma trombadinha e a leva para a cadeia. Transferida para uma unidade de menores, Conceição começa a ter contato com o mundo adulto e a civilização. Surpreendemente, ela deixa o reformatório física, mental e espiritualmente ilesa. O destino a leva a ser atropelada por uma professora universitária, que neste caso representa sua fada madrinha. E assim, a mulher a coloca dentro de sua casa para trabalhar como empregada doméstica.

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    Os anos passam, chegamos à década de 1990. Conceição cresceu. O Plano Collor, que confiscou a poupança de milhares de brasileiros, serviu para unir a professora e seu namorado, agora casados e com dois filhos pequenos. A vida de Conceição é estável, mas ela se sente só. Ao longo dos anos, ela fez apenas amizade com Vera, uma outra doméstica que ela encontra na praça. Assim, Vera a leva para conhecer sua grande família que vive em Madureira. Pela primeira vez, a menina que saiu de Minas tem contato com um ambiente familiar aparentemente saudável e caloroso, que a faz se sentir como parte do grupo.

    Nesta breve visita ao bairro, a minissérie já introduz novos personagens que darão continuidade à história nos próximos episódios. Além dos membros da própria família de Vera, também vemos rapidamente Jéssica e seu namorado Tutuca. Ela, a musa dos bailes, ele, um dos líderes do tráfico.

    O primeiro episódio serviu apenas como um prelúdio para a história que está para ser contada. Um resumo de quem foi Conceição. Ele encerra com uma cena que marcará a transição da personagem para uma nova fase de sua vida. Os anos da inocência acabaram, chegou o momento de enfrentar a realidade. Os novos episódios mostrarão o quão real ela será.

    Bons personagens/atores com roteiro bem desenvolvido, que conta a velha história já conhecida por muitos. Previsível e pouco criativo, o primeiro episódio não traz nada que já não tenha sido visto diversas vezes em outras produções e da mesma forma. O que se destaca neste primeiro momento em Suburbia é a fotografia, que glamouriza a pobreza, transformando-a em um cartão postal.

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    A câmera é nervosa, sempre em movimento, mostrando rapidamente cenas, pessoas ou detalhes como se fizesse parte da situação. A velocidade com que as cenas mudam se contrasta com a evolução da história, que é mais lenta. É a câmera que dá ritmo à narrativa. As imagens rápidas, por vezes um borrão, fazem as cenas parecerem lembranças de uma vida que já passou.

    As imagens da minissérie me remeteram ao filme A Árvore da Vida, que utiliza o mesmo estilo de filmagem, no entanto bem mais lento, o que torna a história mais intimista e profunda. A câmera mais ágil de Suburbia suaviza o tema proposto e as situações vividas pelos personagens, deixando-as mais leves e fáceis de digerir. Evita que o público mergulhe muito fundo nos sentimentos dos personagens.

    A julgar pelo primeiro episódio, vale a pena conferir o restante da minissérie. Nem tanto pela história, mas pelas imagens e por breves momentos poéticos que a produção promete oferecer.

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