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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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‘Treta’ e muito mais: as razões por trás da invasão oriental de Hollywood

Do cinema ao streaming, tendência amplia a representatividade e de olho nos lucros potenciais na região

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 10h59 - Publicado em 14 abr 2023, 06h00
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    TALENTO EXPORTADO - Steve Yeun em Treta, novo hit da Netflix: a vida dos asiáticos nos Estados Unidos (./Netflix)

    Embora descendentes de asiáticos, Danny (Steve Yeun) e Amy (Ali Wong) não poderiam exibir um modo de vida mais estressante — e tipicamente americano. Filho de coreanos, Danny é um faz-tudo (encara de conserto de pias a poda de árvores) tão em parafuso que é capaz de sair do supermercado em Los Angeles sem saber o que está comprando. Empresária de origem chinesa, Amy se desdobra entre o trabalho e a maternidade sem ceder por um segundo em seu sorriso eficiente. É assim que ambos são apresentados no início de Treta — até que a rinha de trânsito que dá nome à série convertida em novo hit da Netflix os coloca em rota de colisão (e talvez algo mais). Logo se descobrirá que, detrás da fachada assimilada à vida americana, ambos contêm uma essência muito oriental: o nível de exigência em relação a si mesmos e a obrigação brutal de dar orgulho à família são, afinal, traços culturais indeléveis dos imigrantes asiáticos nos Estados Unidos.

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    Treta engrossa uma tendência reveladora do entretenimento atual: a invasão de Hollywood por tramas, protagonistas e estrelas orientais. O movimento começou devagarinho, em 2018, quando um filme frugal como Podres de Ricos cravou feito notável: foi a primeira comédia romântica americana com protagonistas 100% asiáticos. É claro que antes disso já havia sucessos das artes marciais made in Japão ou Hong Kong, mas nada comparável à explosão que se viu nos últimos anos. O Oscar é um termômetro que resume o fenômeno. Após ser acusada de racismo em razão de décadas de falta de diversidade étnica entre seus indicados, a Academia surpreendeu ao premiar o sul-coreano Parasita em 2020 e decidiu enaltecer os traços orientais mais uma vez em 2023. De origem vietnamita, Ke Huy Quan levou o prêmio de ator coadjuvante e Michelle Yeoh se tornou a primeira asiática a conquistar a estatueta de melhor atriz em 95 anos do Oscar — ambos por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo.

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    Tanto Treta quanto o filme que arrasou nas categorias principais do Oscar 2023 tratam de um universo em alta nos filmes e séries americanos: a vida dos imigrantes de origem asiática nos Estados Unidos. Com isso, Hollywood amplia de forma bem-vinda a representatividade nas telas e sana velhas injustiças. O veterano James Hong, de 94 anos, também obteve reconhecimento em Tudo em Todo Lugar — e antes tarde do que nunca. Filho de chineses que se instalaram na interiorana Minnesota, Hong estreou nos cinemas como um policial sem nome em O Aventureiro de Hong Kong (1955), estrelado pelo americano Clark Gable. Naquele filme, o astro branco usou fitas nas têmporas para simular os olhos puxados que seu personagem exigia. “É triste que brancos ganhavam papéis de chineses só porque diziam que atores dessa etnia não eram bons ou atraentes o suficiente. Agora, espero que rostos como os nossos sejam mais indicados e vençam prêmios”, declarou Michelle Yeoh em entrevista recente.

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    QUERIDINHA - Michelle Yeoh em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo: atriz e filme passaram rodo em premiações
    QUERIDINHA – Michelle Yeoh em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo: atriz e filme passaram rodo em premiações (a24films/Divulgação)

    Ainda que a causa seja nobre, há uma motivação concreta por trás dela: os executivos de Hollywood estão de olho no ouro (leia-se grana) que vem da Ásia. Não é à toa que os êxitos e perrengues das famílias asiáticas estejam tão em foco — e que boa parte das novas produções, de Treta a Tudo em Todo Lugar, tenha o selo da badalada produtora A24, craque em farejar para onde os ventos sopram. Eles já representam 26% do total de imigrantes nos Estados Unidos (são 12 milhões de pessoas) e devem se tornar o maior grupo de imigrantes no país até 2055. Mas ainda são sub-representados nas telas: na TV do país, respondem só por 12% dos personagens não brancos, por exemplo. Reforçar os laços de identidade e refletir os anseios dessa população de grande poder aquisitivo é, claro, ampliar os lucros.

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    A invasão oriental ganha ainda mais sentido quando se olha para o potencial da própria Ásia. Na próxima década, o continente deverá responder por metade do crescimento do consumo global, gerando receitas de 10 trilhões de dólares. Hoje, a Ásia tem quase o mesmo número de domicílios urbanos de alta renda que os Estados Unidos e até 2030 esse número vai dobrar, segundo a empresa de consultoria McKinsey — exuberância não só na China, Japão ou Coreia do Sul, mas também na superpopulosa Índia (confira o quadro). Só a receita de bilheteria chinesa chegou a espantosos 4,4 bilhões de dólares em 2022. Se a treta do tal crescimento está rolando para aqueles lados do mundo, é para lá que Hollywood vai acelerar.

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    Publicado em VEJA de 19 de abril de 2023, edição nº 2837

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