Em menos de 24 horas, o Brasil perdeu dois grandes nomes da história da TV: Paulo José, vítima de pneumonia na noite de quarta-feira, 11, e o eterno galã Tarcísio Meira, que partiu na manhã desta quinta-feira, 12, por complicações da Covid-19. Para além de estrelarem dezenas de novelas e minisséries, ambos também ostentaram uma carreira brilhante no cinema. Paulo José foi um dos principais atores do Cinema Novo, nos anos 60, enquanto Tarcísio usou as telonas para mostrar que ele poderia ser mais que o galã global que o fez famoso. Confira a seguir seis filmes clássicos estrelados pelos atores, disponíveis no streaming.
Todas as Mulheres do Mundo (1966), disponível no Globoplay
No filme de Domingos Oliveira, Paulo José dá vida a um conquistador mulherengo com quem compartilha o primeiro nome. Ao se apaixonar por Maria Alice (Leila Diniz), noiva de outro homem, ele abre mão de todas as outras moças com quem mantinha casos para conquistá-la. Quando os dois finalmente ficam juntos, passam a dividir um lar – e a convivência, somada a grandes doses de mesmice e ciúmes –, leva Paulo a pensar se fez a coisa certa ao se comprometer com uma única paixão. Todas as Mulheres do Mundo está disponível na plataforma Globoplay.
Macunaíma (1969), disponível no Globoplay e no Telecine Play
Depois de nascer negro (Grande Otelo) no sertão, Macunaíma, o clássico anti-herói sem caráter de Mário de Andrade, vira branco (Paulo José) ao passar por debaixo de uma fonte de água mágica. Junto dos irmãos vai parar na cidade, onde descobre todo tipo de traquinagem possível – e todo tipo de gente, de prostitutas a guerrilheiros. Clássico do cinema brasileiro, Macunaíma leva um Paulo José no primor de sua atuação, que logo deslancharia para as telinhas.
O Palhaço (2011), disponível no NOW
Em sua última atuação no cinema, Paulo José estrelou o longa O Palhaço (2011) de Selton Mello, diretor e também protagonista. A trama conta a história de Benjamin (Mello), que, ao lado do pai Valdemar (José), forma a dupla de palhaços Pangaré e Puro Sangue, em um circo nos anos 1970. Até que Benjamin passa por uma crise existencial e abandona a vida artística. Às vésperas da morte de Paulo, Selton Mello, protagonista da nova novela Nos Tempos do Imperador, prestou homenagem ao ator: “Este trabalho é dedicado ao meu maior mestre: Paulo José. O ator que me mostrou a maneira de imprimir o máximo, com o mínimo de recursos. Ele me abriu portais. Meu amor por ele é gigante. Paulo, eu faço meu trabalho pensando sempre como você faria. Te amo.”
República dos Assassinos (1979), disponível no NOW
Baseado no livro de Aguinaldo Silva, o filme República dos Assassinos (1979) é um bom exemplar de drama policial que marcou o cinema brasileiro na década de 1970. Protagonista da trama, Tarcísio Meira interpreta Mateus Romeiro, um dos líderes do grupo de elite de policiais “Homens de Aço” cujo único objetivo é exterminar bandidos – a facção, no entanto, era parte do temido Esquadrão da Morte, conhecido por crimes violentos na ditadura militar. No desafiador papel de policial corrupto, Meira vive o questionamento: seria ele um herói justiceiro ou um corrompido pelo sistema?
A Idade da Terra (1980), disponível no NOW e Itaú Cultural Play
Último trabalho do aclamado diretor Glauber Rocha, A Idade da Terra (1980) também foi um de seus mais polêmicos. A história, inspirada em um poema de Castro Alves, leva quatro personificações de Cristo (um negro, um militar, um índio e um guerrilheiro) como símbolos da situação do país no final da década de 1970, período da ditadura militar conhecido como “anos de chumbo”. Na pele do militar, Tarcísio Meira é o Cristo Conquistador, e, em contracena com Ana Maria Magalhães, sambava com empenho e soberba numa espécie de eterno Carnaval. A grandeza de seu carisma pode ser vista na plataforma de aluguel NOW, ou gratuitamente na Itaú Cultural Play.
O Beijo no Asfalto (1981), disponível no Globoplay
Marco da dramaturgia brasileira, Um Beijo no Asfalto (1981) traz a peça homônima de Nelson Rodrigues para a telas. Na trama, Tarcísio Meira dá vida a Arandir, um empresário que testemunha o atropelamento de um homem. À beira da morte, o personagem de Ney Latorraca pede um último beijo – história que logo se torna o assunto da cidade depois de estampar as páginas de um jornal. Meira, que já era o galã do Brasil, causou comoção ao protagonizar um dos primeiros beijos gay do cinema nacional.