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Round 6 terminou como deveria — e não precisa de um spin-off nos EUA

Crítica da série: fenômeno sul-coreano da Netflix encerrou a história de Gi-hun (Lee Jung-jae) de forma coerente na terceira e última temporada

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 jul 2025, 11h07 - Publicado em 3 jul 2025, 09h00

[Atenção: este texto é uma crítica e contém spoilers da terceira temporada de Round 6]

Não tinha como Round 6 ter um final feliz. Com um desfecho amarguíssimo na terceira e última temporada que chegou ao catálogo da Netflix em 26 de junho, a jornada de Gi-hun (Lee Jung-jae) se provou mordaz e foi fiel aos princípios da trama, assim como o protagonista. Lançada em 2021, a série se tornou um fenômeno mundial com uma crítica ao capitalismo ao propor um jogo mortal com 456 jogadores desesperados por dinheiro, e o vencedor levaria a bolada de 45,6 bilhões de wons sul-coreanos (cerca de 180 milhões de reais na cotação atual) — se sobrevivesse às dinâmicas que se assemelhavam a brincadeiras de criança, mas que matavam, literalmente.

Ao longo da temporada de estreia, Gi-hun, um pai negligente com a filha pequena que gastava a aposentadoria da mãe idosa apostando em cavalos, teve que se virar para chegar ao final da competição, mas seu principal arco era sua luta com a falta de humanidade dos concorrentes — enquanto ele mesmo acabou perdendo um pouco da própria sensibilidade ao trapacear em um dos jogos contra um idoso (que nem morreu de verdade naquela dinâmica e se provou o vilão depois, mas ele não sabia disso ainda). O personagem fez o que pôde para sobreviver, sem que isso necessariamente custasse a vida de alguém de forma intencional. Tanto que no último jogo, Gi-hun não conseguiu matar seu amigo de infância, Cho Sang-woo/Jogador 218 (Park Hae-soo), que tirou a própria vida, tornando o protagonista vencedor.

Mesmo milionário e prestes a viajar para visitar a filha — que foi morar nos Estados Unidos com a mãe e o padrasto, Gi-hun decidiu usar toda a sua fortuna para achar os responsáveis pelos jogos mortais e acabar com tudo. Na segunda temporada, o protagonista, que passou três anos caçando o recrutador que o aliciou para entrar no jogo, finalmente o encontrou e depois acabou sendo colocado de volta na competição. O personagem quis bancar o herói ao tentar salvar o máximo de competidores possível para estragar a satisfação dos criadores sádicos de tudo aquilo — mas se deparou, mais uma vez, com a ganância egoísta dos seres humanos, que ficavam mais sanguinários a cada rodada. Tentativas falhas de Gi-hun resultaram na morte de aliados, incluindo outro amigo de infância, o Park Jung-bae (Lee Seo-hwan), morto após uma traição do Front Man/Líder (Lee Byung-hun), que se fingiu de jogador. 

A terceira temporada começou com Gi-hun se sentindo derrotado, sem qualquer fio de esperança. Ao saber que Kang Dae-ho/Jogador 388 (Ha-Neul Kang) se acovardou durante a rebelião e passa a culpá-lo pela morte de Jung-bae, o herói decide se vingar e o mata, se aproximando do maior objetivo do sádico Front Man: quebrar a postura de mocinho da história. Essa sequência parecia indicar que o protagonista viria a se tornar tudo aquilo que ele mais criticava nos criadores do jogo, mas logo o roteiro guinou para uma redenção com o nascimento da filha bebê da jogadora grávida Kim Jun-hee/Jogadora 222 (Yu-ri Jo), que implorou para que o protagonista salvasse a recém-nascida.

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Depois das dinâmicas brutais do penúltimo e do último episódio — com uma menção ao personagem Myung-gi/Jogador 333 (Si-wan Yim), genitor do filho de Jun-hee e também pior pai do planeta –, Gi-hun tinha como opção matar o bebê e sair milionário mais uma vez, ou morrer e deixar a criança sobreviver. Com uma decisão coerente do criador e diretor de Round 6, Hwang Dong-hyuk, com toda a história da série e do próprio protagonista, ele optou por tirar a própria vida — provando para o Front Man (e para o público) de que ele foi até o fim para não perder totalmente sua humanidade, mesmo que isso valesse uma quantia obscena de dinheiro.

Em adição às mortes injustas da grávida (Jun-hee), da trans Cho Hyun-ju/Jogadora 120 (Sung-Hoon Park) e da idosa Jang Geum-ja/Jogadora 149 (Ae-sim Kang), Gi-hun também teve um desfecho trágico, mas isso só prova o ponto da série desde o início: não tem como ter um final feliz após participar de um jogo mortal.

No final, uma cena em que Cate Blanchett aparece como uma recrutadora em Los Angeles indica um possível spin-off da série nos Estados Unidos, mas a concretização de um projeto como esse não soa só irônico à mensagem crítica ao capitalismo, como se faz desnecessária, porque uma releitura de uma história de DNA tão coreano como Round 6 provavelmente resultaria em algo igualmente genérico às péssimas atuações e interações dos personagens VIPs nessa terceira temporada. O jogo já deu o que tinha de dar.

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