‘Quem Matou Sara?’, o dramalhão que deixa ‘Casos de Família’ no chinelo
Sucesso da Netflix, série aposta em inúmeras reviravoltas mirabolantes com tramas familiares para lá de complicadas

Os Lazcano aparentam ser um bom exemplar da típica família tradicional que segue à risca a moral e os bons costumes. César, o patriarca, é uma figura séria que comanda um dos maiores cassinos do México. Para ficar ainda mais rico, porém, seu “negócio paralelo” envolve a administração de um bordel clandestino — e o pior: com mulheres traficadas. Não contente em ser esse grande exemplo de ser humano, César também engravidou a nora. A trama digna de causar inveja ao rocambolesco programa do SBT Casos de Família é apenas um dos muitos absurdos que conduzem Quem Matou Sara?, série de mistério mexicana da Netflix que ganhou uma segunda temporada esta semana. Sucesso de audiência da plataforma, o apelo da atração que, como sugere o título, investiga a morte de uma personagem, se ampara em um bom e velho conceito do entretenimento que vicia: o “é ruim, mas é bom”.
O estouro da produção criada por José Ignacio Valenzuela fala por si só. Com um mistério de assassinato que tenta, risos, emular Agatha Christie, a série com dramas familiares exagerados tem todos os elementos que o povo gosta: vingança, sexo, violência, traição e muitas, mas muitas reviravoltas chocantes. A segunda temporada não deixa nada a desejar no quesito surpresas. O aparecimento de um novo cadáver desconhecido na casa de Alex Guzman (Manolo Cardona), intensifica sua busca por vingança contra os Lazcano pela morte de sua irmã Sara (Ximena Lamadrid) — crime pelo qual ele foi injustamente condenado no passado. Novos personagens surgem e alguns antigos ganham contornos que se conectam à história principal, aumentando o já grande leque de suspeitos. A cada episódio, uma nova pessoa parece surgir na cena do crime. Se o assassino jogasse o popular game de mistério Among Us, no qual os participantes tentam encontrar o criminoso disfarçado, ele nunca seria pego.

Enquanto as investigações continuam, a série flerta com o clássico romance proibido. Elisa (Carolina Miranda), filha mais nova dos Lazcano e que era uma criança quando Sara foi morta, se apaixona por Alex e passa a ajudá-lo na busca pelo assassino. Se envolver com um homem que quer literalmente ver sua família morta não parece ser uma boa ideia, a princípio. Mas Elisa não liga muito para isso já que as reviravoltas sobre os Lazcanos são demais até para ela.
Ao mesmo tempo em que Quem Matou Sara? se perde em suas inumeráveis idas e vindas que, aos poucos, deixam de fazer sentido, seus ganchos fazem coçar o dedo do espectador para clicar no botão “próximo episódio” — técnica que também alçou ao sucesso a espanhola La Casa de Papel. Sem entrar no campo dos spoilers, vale dizer que a ânsia por descobrir quem é de fato o assassino de Sara está longe de ganhar um ponto final. O grand finale da segunda temporada traz mais surpresas que deixam o terreno aberto para uma terceira fase. Casos de Família que lute.