Produções indianas mostram sua força no streaming
Com uma população de 1,4 bilhão de pessoas, país é um terreno rentável para um mercado que prevê bater em 5,5 bilhões de dólares até 2027
O domínio britânico sobre a Índia foi violento e doloroso — no Ocidente, porém, predominou a narrativa de uma colonização pacífica. Em 2022, essa visão caiu de vez com o empurrão de um drama político com cara de filme da Marvel: a superprodução RRR (Revolta, Rebelião, Revolução), que celebrou dois heróis da história real do país nos anos 1920, Raju (Ram Charan) e Bheem (N.T. Rama Rao Jr.). Com três horas de duração, o filme do diretor S.S. Rajamouli é uma explosão de cores, lutas elaboradas, animais selvagens e uma pegada fantástica — receita que resultou em 160 milhões de dólares em bilheteria, uma estatueta no Oscar e quatro meses no ranking de audiência global da Netflix.
Com uma população de 1,4 bilhão de pessoas, a Índia é um terreno rentável para o streaming — um mercado que prevê bater em 5,5 bilhões de dólares até 2027. Mas, dada a força das plataformas locais e das produções de Bollywood, a Hollywood indiana, todo investimento em tramas e elencos com a cara do país é estratégico. Atento, o Prime Video, da Amazon, produziu por lá seus primeiros títulos originais fora dos Estados Unidos: hoje possui programas em seis idiomas locais. É a segunda plataforma com mais assinantes no país, atrás do Disney+. Na lanterna, a Netflix agora investe forte em conteúdo indiano para tirar a diferença.
Publicado em VEJA de 19 de abril de 2023, edição nº 2837