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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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‘Pen15’, uma peculiar série sobre a estranheza da adolescência

Maya Erskine, criadora e protagonista, fala a VEJA sobre o seriado exibido pela MTV em que duas mulheres com mais de 30 anos retornam ao figurino dos 13

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 abr 2021, 11h50

A premissa de Pen15 é deveras excêntrica, para dizer o mínimo. Na trama, duas garotas de 13 anos vivem os dilemas, terrores e delícias do início da adolescência. O detalhe peculiar, porém, é que ambas são interpretadas por duas comediantes de 30 e poucos anos, com direito à transformação completa no figurino e nas atitudes, de aparelho ortodôntico e roupas do fim dos anos 90 até toda a falta de jeito que acompanha a idade. A comédia adulta criada, escrita e protagonizada por Maya Erskine e Anna Konkle, ganhou ao longo de duas enxutas temporadas o status de cult entre aqueles que conseguem enxergar toda a ironia e acidez do roteiro. A trama é feita sob medida para despertar nos adultos de hoje lembranças antes monstruosas que ganham novo significado pela ótica da maturidade – casos como o primeiro beijo, a descoberta da masturbação e o constante descontentamento com a aparência são pauta dos episódios. Disponível na plataforma de streaming Paramount+, a série exibe no Brasil sua segunda temporada, aos domingos, às 17h40, na MTV. A VEJA, a criadora e atriz Anna Konkle fala sobre o processo de voltar ao passado e a surpresa com a popularidade conquistada pela série.

Quanto da experiência pessoal de vocês está no roteiro? Muita coisa. A série é baseada em muitos segredos da nossa adolescência escondidos até hoje. Percebemos que diversos embaraços que passamos, na verdade, eram histórias bem engraçadas. Acho que temos um senso de humor estranho.

Muitas pessoas de 30 anos, especialmente os que não armazenaram boas memórias na escola, não gostariam de voltar ao passado e reviver aquilo. Por que optaram pelo caminho contrário? Por alguma razão, aquele período se mantém muito vívido em nossas mentes. Há uns oito anos, quando começamos a desenvolver a ideia, percebemos que a verdade sobre ter 13 anos é pouco abordada na televisão. Queríamos mergulhar na parte que ninguém fala, especialmente a que a TV diz que é proibida para menores, que os adolescentes não podem falar sobre, mas muitos deles vivem aquilo. Ao nos tornarmos adultos, aquelas histórias que eram dignas de segredos se revelaram risíveis. E colocar duas adultas para interpretar as adolescentes era importante para que pudéssemos mergulhar nessas verdades, sem nos preocuparmos com conteúdo inapropriado para atores menores de idade.

Como é a caracterização para ir dos 30 aos 13? A ironia de interpretar personagens mais jovens na TV é que quanto menos maquiagem, melhor. Não tínhamos permissão para usar muita maquiagem na adolescência. Era importante também encontrar a linguagem corporal correta, em que tentamos esconder algo que nos deixa “menos gostosa”, porém, acaba causando uma postura completamente estranha. E manter uma feição inocente, mas com muita vontade de se tornar adulta.

Entrou em contato com amigos do colégio para saber o que eles pensavam de você naquela época? Nossa, não mesmo. Tenho medo de fazer isso.

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A série é diferentona, mesmo assim se tornou um sucesso nos Estados Unidos. Vocês chegaram a se preocupar com a recepção desse programa antes de lançá-lo? Sim, com certeza. Posso dizer que os canais de TV não estavam disputando a tapa a chance de exibir essa série. Ficamos muito gratas quando aconteceu. A ideia nasceu a partir da pergunta: “se você pudesse fazer qualquer roteiro, o mais estranho possível, sem se preocupar com a indústria ou a audiência, o que faria?” E Pen15 era a resposta para isso.

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