Pela 1ª vez, plataformas de streaming apresentam queda de usuários
Pesquisa feita nos Estados Unidos aponta para uma estabilidade no montante de canais on-line que o usuário opta por consumir

Depois da explosão de assinaturas em plataformas de streaming, registrada em 2020, o número de acessos de usuários à canais do tipo caiu pela primeira vez nos Estados Unidos, conforme indica um estudo da empresa de tecnologia Omdia divulgado pelo Hollywood Reporter.
Segundo o relatório, o usuário americano utilizava, em média, 7,23 plataformas de vídeo sob demanda em novembro, contra 7,06 em abril deste ano. Na visão mais pessimista, a redução pode indicar um desgaste no modelo, que vinha crescendo a todo vapor, mas a visão menos fatalista aponta para uma estabilização do mercado, que dispõe de cada vez mais opções – inclusive gratuitas – e se aproxima de um ponto de saturação.
Os números não se limitam aos serviços pagos pelo usuário, modalidade conhecida pela sigla SVOD. A pesquisa contabiliza também as plataformas disponíveis no país que se sustentam a partir da monetização de anúncios e propagandas, os AVODs. Enquanto os serviços por assinatura mantiveram-se estáveis com um leve aumento de 2,5 em novembro para 2,6 em abril, as gratuitas despencaram de 4,7 para 4,1, puxando a média para baixo. A relação é um indício de que o usuário médio, até onde o orçamento permite, prefere pagar pelo conteúdo ao invés de ser interrompido por propagandas, mas o crescimento tímido das plataformas por assinatura aponta para uma estabilidade futura.
“Após a explosão de crescimento do VOD em 2020, estamos vendo um esfriamento do mercado, parcialmente impulsionado pela normalização dos hábitos de visualização e consolidação da indústria, mas também por uma variedade de novos serviços de SVOD e de estúdio”, analisou Maria Rua Aguete, diretora sênior de pesquisa.
Impulsionadas pelo sucesso da Netflix, que abriu caminhos em um passado não muito distante dominado pela televisão por assinatura, empresas como Amazon, Apple e Disney lançaram suas próprias plataformas de streaming. Com a enxurrada de opções pagas, arcar com todas se mostrou impraticável para grande parte da população, e o usuário teve de escolher em qual investir, levantando a questão sobre qual seria o limite de serviços comportados pelo bolso do consumidor.
“Com o crescimento nos Estados Unidos caindo, muitos se perguntam se sete é o novo teto para serviços de streaming de vídeo”, destaca a pesquisa. Se a expectativa se confirmar, as plataformas já estabelecidas disputarão esse espaço, mas os que ainda patinam na indústria podem sofrer com a saturação.