Emily em Paris é um grande sucesso da Netflix, mas a personagem não anda muito querida na cidade francesa onde a trama da série é ambientada. Com o início das gravações da nova temporada, várias locações do programa apareceram pichadas com dizeres como “Emily não é bem vinda” e recados nada agradáveis para a protagonista vivida por Lily Collins. Mas afinal, por que tanta revolta?
Desde que estreou na Netflix, a série arrastou milhares de turistas para a antes tranquila região da Place de l’Estrapad, onde fica o apartamento fictício de Emily e a maior parte dos cenários da série. Os visitantes com boinas vermelhas e poses instagramáveis lotaram os restaurantes e transformaram a região em um grande centro turístico, desapontando alguns locais que tiveram a rotina afetada pelas centenas de visitantes.
A irritação não é de hoje e é tão intensa que, pela cidade, o fenômeno é citado de maneira debochada como “l’invasion des imbéciles” ou, em bom português, “a invasão dos imbecis”, e chegou até à imprensa: em um editorial recente do jornal Le Monde, a publicação atestou que os turistas atraídos por Emily em Paris acham que são donos do bairro e invadem o local.
Antipatia antiga
Na produção, a protagonista do título, vivida por Lily Collins, deixa os Estados Unidos rumo à França, onde encontra novos desafios, amigos e algo parecido com uma família — isso tudo, claro, após a quebra de várias camadas de arrogância tanto da moça quanto dos franceses ao seu redor. O problema é que, desde o início, a série foi acusada de debochar e estereotipar os locais: os personagens franceses, por exemplo, chamaram atenção por serem clichês ambulantes — usavam boinas, fumavam e eram galantes até demais. Dentro da lógica americana, Emily não só identificou essas características como também tentou ajustar esses personagens ao que seria supostamente correto dentro de sua própria cultura, o que irritou os parisienses — que parecem não ter superado o ranço pela série.