O reality show da Netflix em que achar 1 milhão de dólares é um problemão
Série reúne desconhecidos em hotel chiquérrimo para disputar o prêmio milionário

Imagine se hospedar em um belíssimo hotel de luxo e, dentro do seu quarto, há uma caixa com 1 milhão de dólares em dinheiro. O que parece um sonho é um pesadelo para os participantes do reality show O Segredo de Um Milhão de Dólares, produção da Netflix que lança esta semana seus dois últimos episódios – seis capítulos já estão disponíveis na plataforma. Apesar de o objetivo do jogo ser ganhar toda essa bufunfa, o caminho para chegar rico ao fim do programa é complicado, especialmente para quem encontra o dinheiro logo de cara.
Parecido com o reality The Traitor, o programa da Netflix é apresentado pelo ator inglês Peter Serafinowicz e recebe doze desconhecidos com uma missão: sair com um milhão de dólares no final da competição. Para isso, porém, quem está com o dinheiro no quarto deve fingir o tempo todo que ele não é o milionário. O participante deve mentir, manipular e vencer provas secretas, sem chamar a atenção dos colegas para não ser eliminado por eles.

Os doze escolhidos se hospedam na propriedade The Stag – na verdade, o casarão é o resort Château Okanagan, localizado em Kelowna, no Canadá. A primeira a encontrar o dinheiro na caixa é uma adorável dona de casa. Com peso na consciência, ela mente e conspira para a saída de duas pessoas, sendo uma delas uma aliada do jogo. Quando tem a oportunidade de passar o dinheiro para frente, ela topa a jogada, pois está muito perto de ser descoberta. O segundo a receber a grana também se desespera – e com pouco talento para mentir, logo se enrola na competição. E assim por diante: sempre que para na mão de alguém, o dinheiro causa problemas.
Não é que os participantes não queiram tantos dólares: eles almejam, sim, conquistar o prêmio, porém mais perto do fim ou direto na final. Desse modo, estarão sempre no posto de caçadores e não da presa — termos usados pelo apresentador do reality para caracterizar os que não tem a caixa premiada e quem a tem. Choca, contudo, a sensibilidade extrema de boa parte dos jogadores: mesmo sabendo que, para sobreviver, o milionário deve mentir, os demais se irritam com as falcatruas dos colegas, como se tivessem sido passados para trás por um amigo de infância. A ingenuidade não tem espaço no capitalismo selvagem, fica a lição.