O que dizem – e lamentam – os jornalistas demitidos da Globo
Jornalistas se despediram da emissora nesta semana, após uma série intensa de cortes na folha de pagamento
Com a demissão em massa de jornalistas da Globo, muitos profissionais veteranos e conhecidos pelo público da TV aberta estão de volta ao mercado. Nas redes sociais, grandes nomes como Fabio Turci e Giuliana Morrone, que teve sua saída divulgada na noite de quarta-feira, 5, se manifestaram sobre o recomeço.
“Meu amor pelo jornalismo começou aos 14 anos. Consegui um furo, uma entrevista com a poetisa Cora Coralina para o jornalzinho da escola. Muitos na turma nem sabiam que Cora era aquela, mas eu senti um orgulho incrível de poder fazer perguntas para ela. E foram tantas outras perguntas. Em italiano, para Sophia Loren. Em inglês, na correria, para Barack Obama. Em português, há anos, para todo este pessoal aqui do Planalto Central. A vida, para mim, é feita de paixão. Sempre tive paixão pelo jornalismo e por onde eu exerci até agora a minha profissão. Minha outra paixão e força é pela verdade. Nos últimos anos, voltei para a universidade e passei a estudar sustentabilidade empresarial. E esbarrei, novamente, na minha obsessão, a busca pela verdade. Novo ciclo? Já disse que comigo não é assim. Mas pode esperar novos desafios, aprendizados, novas experiências, sempre buscando respostas, sempre buscando a verdade e com paixão”, escreveu Giuliana.
Apresentador recorrente do SP1, Fabio Turci também relembrou sua carreira, começando pela faculdade de jornalismo, sua mudança de São José dos Campos para São Paulo e depois Nova York, e sua volta ao Brasil. “A televisão que apareceu em seu caminho lá atrás lhe pediu licença, hoje, pra continuar. Por onde? Sei lá. O mundo mudou muito. Não é uma questão de não ter pra onde ir. É uma questão de escolher qual caminho tentar. Mudou tudo, mas uma coisa não mudou: ainda sonho mudar o mundo”, filosofou.
Eduardo Tchao, repórter da Globo há 37 anos, também lamentou sua saída. “Sempre gostei de ter fontes, de conversar, de frequentar gabinetes, delegacias e restaurantes atrás de um ‘furo jornalístico’. Trabalhei na pandemia e até recentemente dentro de um CTI, Ganhei prêmios – Esso de jornalismo esportivo foi um deles – e conheci o mundo. Obrigado a todos que contribuíram pra tornar esse sonho uma realidade. Na conversa de hoje que tive com o diretor de jornalismo, Ali Kamel, fiz questão de dizer que saio sem mágoas. Entendo a mudança de estratégia da emissora. Quer economizar. O que fazer? Mas a vida segue. Existe vida fora da TV Globo”, escreveu.
“Missão cumprida com muito orgulho. Fiz parte do Grupo Globo por mais de 30 anos. Entrei na CBN em 1991, quando a rádio tinha só 10 dias no ar, desde 1999, me dediquei à reportagem, participei das mais importantes coberturas do país, das mais alegres às mais complexas. Criei um jeito próprio de fazer reportagem: chegar aos lugares, entender o que tinha acabado de acontecer e, com muito cuidado, transformar o fato em notícia para informar a população, sem assustar. Chegou o dia de me despedir da emissora, da redação e dos muitos amigos que fizeram parte da minha vida de um jeito que eu jamais esperava. Aquele jovem estudante, de família humilde e sem muita perspectiva, realizou o sonho de trabalhar nas redações, atingir o mais alto nível da carreira para um repórter que respira notícia e trabalhar ao lado de grandes profissionais como parte de um grande time. Isso não é uma despedida, mas um até logo. Agora, é hora de descansar e focar nos próximos projetos”, diz a postagem de César Galvão.