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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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Marcello Antony a VEJA: ‘Não abandonei minha carreira de ator’

Artista trabalha como corretor de imóveis de luxo em Portugal, onde mora há seis anos

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 jun 2024, 16h43 - Publicado em 11 jun 2024, 15h00

Um dos maiores galãs da Globo nos anos 2000 e 2010, Marcello Antony, 59 anos, anunciou recentemente que está trabalhando como corretor de imóveis de luxo em Portugal, onde vive desde 2018 com sua esposa, a chef Carolina Hollinger Villar, e alguns dos cinco filhos. Em entrevista a VEJA, o ator fala da nova empreitada no ramo imobiliário, da decisão de ficar na Europa e da dinâmica com os filhos.

Antony é pai de Francisco, Stephanie — que adotara com a atriz Mônica Torres, seu relacionamento anterior ao com Carolina — e Lorenzo, fruto do relacionamento atual, além de padrasto de Lucas e Louis, filhos da esposa.

Confira a entrevista na íntegra:

O senhor foi um dos grandes galãs de novelas da Globo nos anos 2000 e 2010 e agora assume o cargo de consultor de imóveis de luxo em Portugal. Como surgiu essa oportunidade? Já faz seis anos que estou em Portugal, então, recebo muitos amigos e familiares que sempre me visitam, alguns inclusive se mudaram para cá, e como eu já estou com uma certa expertise da ambientação de se viver aqui em Portugal, sempre tinha amigos pedindo dicas minhas, e eu fui conseguindo alguns apartamentos para eles. Em uma dessas visitas eu conheci o Andrew Freire, que já trabalhava para a (corretora) The Agency, e ele me perguntou se eu não queria monetizar esse trabalho, já que estava fazendo de graça. Eu achei interessante. Depois de algumas conversas, recebi o convite oficial para integrar a equipe em Portugal e aceitei. A The Agency trabalha com imóveis de alto padrão, de luxo, mas também tem outros tipos.

E existe uma série da Netflix sobre a família que fundou a agência, certo? Sim, é do Mauricio Umansky, Os Corretores de Beverly Hills.

O que o levou a aceitar a proposta? Eu estava fazendo trabalhos esporádicos como ator e percebi que uma coisa não interfere na outra. É óbvio que o bochicho acaba dizendo que eu abandonei minha carreira, e isso aí não procede, porque a minha profissão de ator me permite trabalhar até velhinho, até morrer. Então, eu quis conciliar as duas coisas. Acho que eu não poderia aceitar se fosse uma empresa de menor porte, mas, conhecendo mais sobre o universo do mercado de alto padrão e vendo que a The Agency é uma das maiores agências imobiliárias nesse sentido no mundo, eu pensei: ‘Tem um filão aí para mim’. Eu poderia usar a minha imagem para divulgar o trabalho e deu uma repercussão absurda.

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Então pretende continuar atuando? Eu ando bem seletivo. Tenho tido até uns convites, mas os convites não são muito atrativos para mim. E como eu já fiz muito muitos papéis, dos mais variados e grandiosos, eu não me sinto desafiado na minha profissão. Eu não queria atuar só por atuar ou só por ganhar dinheiro, entende? E essa nova profissão é um grande desafio para mim. Eu gosto de desafios. Eu tenho um restaurante no Rio de Janeiro, outro aqui em Lisboa, então, já sou um empresário também há um tempo. As pessoas gostam do bochicho, faz parte do jogo, mas o que importa é que eu estou muito feliz e muito ciente do que eu estou fazendo, porque abriu-se uma porta com muitas possibilidades obviamente financeiras.

Ser corretor de imóveis de luxo em Portugal é mais lucrativo do que ser ator? Sim, dá muito mais dinheiro do que ser ator. No meu caso, onde estou e no meu nicho, talvez de três a cinco vezes mais — levando em consideração o que eu ganhava no auge como ator.

Quanto é a comissão de um imóvel à venda por aí? A comissão de qualquer corretor varia de 5% a 6%. Existem imóveis de 500 000 a 600 000 euros (2,8 milhões a 3,4 milhões de reais), mas basicamente eu trabalho com imóveis que vão de 5 milhões a 10 milhões de euros (28 milhões a 56 milhões de reais).

 Já vendeu algum imóvel? Ainda não. Estou em processo de vender alguns.

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Está morando com a sua família em Portugal desde 2018, quando aceitou fazer a novela portuguesa Valor da Vida, da TVI. Por que decidiu ficar? Antes de receber o convite da TVI para fazer uma telenovela aqui, eu já estava muito inquieto e insatisfeito de morar no Brasil, muito em função dos meus filhos, que eram adolescentes naquela época. Então eu estava me organizando para me mudar com a minha família para Orlando, na Flórida, mas aí veio esse convite para vir para Portugal, e os destinos de Deus não somos nós que ditamos. Virei para a minha esposa, Caroline, e nós decidimos vir para Portugal, que era mais rápido do que se mudar para Orlando. E como eu não ia ficar dez meses longe da minha família, viemos todos. Quando acabou a novela, vimos com nossos filhos se eles estavam felizes, porque eu não queria forçá-los a algo que não quisessem, e eles disseram que sim, então ficamos.

Recebeu críticas por virar corretor? Eu não ligo para a opinião pública, o que me importa é a opinião da minha família. Tem quem fique depreciando a minha atitude, mas a reação foi extremamente positiva, coisa que eu nem imaginava. Vi muitos comentários positivos, claro que não tem unanimidade, mas vi as pessoas quase orgulhosas de eu ter tomado uma decisão que muita gente não teria coragem de expor. “Ah, porque virou corretor de imóveis”, mas aí eu faço aquela brincadeira dizendo: “Eu podia estar matando, eu podia estar roubando”. Mas eu estou aqui, porque muitos têm medo de sair de suas zonas de segurança, mas eu sou muito agarrado à minha fé e ao que acredito. E vai dar tudo certo.

No ano passado, o senhor comentou em uma entrevista que alguns de seus filhos estavam trabalhando como auxiliares de cozinha, fazendo faxinas e passeando com cachorros. Eles continuam fazendo esses bicos? Sim, eles continuam trabalhando com isso ainda, porque aqui o centavo vale. Eles viram que podiam ganhar 40, 60 euros ali. O Lucas e o Loius, que são meus enteados, mas considero meus filhos, porque os conheço desde pequenos, estão juntando dinheiro para morar na Holanda. O Francisco trabalha como auxiliar de cozinha e quer começar um curso de gastronomia daqui a dois anos, porque quer ser chef. Eles não estariam fazendo isso no Brasil, porque não dá para trabalhar de auxiliar de cozinha, fazer faxina e passear com cachorro no Brasil. A Stephanie se mudou para os Estados Unidos, se casou com um americano e está morando na Filadélfia. Hoje moramos eu, Carolina, o Lorenzo, que é o filho que fizemos juntos, o Lucas e o Loius em Cascais, a 20 quilômetros de Lisboa. E o Francisco tem uma vida mais independente em Lisboa, morando sozinho em um apartamento que eu ajudo a custear.

Alguns brasileiros infelizmente sofrem xenofobia em Portugal. Já enfrentou ou presenciou alguma situação parecida? Nunca passei, mas acho que por ser privilegiado. As novelas brasileiras fazem muito sucesso aqui e em outros países. Durante uma visita, uma cliente russa até me reconheceu de alguma novela exportada para lá e pediu para tirar foto. Eu tive sorte de fazer vários “filé-mignon” de novelas na Globo, e é engraçado porque eu estou fora da Globo há dez anos, mas nunca saí do ar, porque vivo aparecendo em reprises no canal Viva e no Vale a Pena Ver de Novo, como Senhora do Destino, Rei do Gado, Mulheres Apaixonadas, Paraíso Tropical. Eu estou no ar agora com Amor à Vida, que foi meu último trabalho de contrato fixo com a Globo, em 2014.

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Então seu papel em Malhação – Viva a Diferença, em 2017, já foi um contrato por obra? Sim. Eu saí da Globo em 2014, quando acabou meu contrato fixo. Eles não quiseram renovar. Eu fui um dos primeiros dessa barca de atores que vemos saindo da Globo, porque eles não renovam mais ninguém.

Acha que está mais difícil trabalhar com atuação atualmente? Olha, eu sempre atuei bastante, mas eu não assisto à televisão aberta desde 2014. Depois que eu saí da Globo, nunca mais tive vontade de assistir à TV aberta. O meu canal de televisão hoje e há mais de dez anos é o YouTube e os streamings. Vejo que passa novela porque minha mãe assiste, minha secretária assiste. Eu não reconheço mais os atores que estão no ar, tem muita cara nova. Muita gente me fala que tem saudade dos folhetins clássicos que eu tive sorte de fazer. Mas hoje estou em uma fase do streaming. Estive na série Novela, do Prime Video, e em Da Ponte para Lá, do Max. Faço trabalhos esporádicos que me desafiem e que eu consiga conciliar com a minha vida aqui.

Tem outros projetos previstos? Estavam me sondando para uma novela aqui em Portugal, mas ainda não fechei, e também outra produção de streaming, mas nada concreto por enquanto.

Acredita que suas opiniões políticas afetaram suas relações no meio artístico? Eu não sei mensurar isso. Eu não falo de política e não posto nada de política.

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Pretende voltar para o Brasil para morar de novo algum dia? Adoraria, mas confesso que acho que não volto tão cedo. Vejo inúmeras possibilidades tanto agora no presente quanto no futuro dos meus filhos, que não querem voltar para o Brasil, não se sentem seguros para isso, porque aqui eles estão a uma hora, duas horas de vários países da Europa. O Lucas e o Loius chegaram aqui falando que vão para a Suíça, porque arrumaram uma passagem de 17 euros de ônibus-leito. Não existe país perfeito, mas perto do que estamos vivendo no Brasil, em relação à segurança, não tem comparação.

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