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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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“Gosto de personagens moralmente ambíguos”, diz atriz de Duna: A Profecia

A atriz Indira Varma, que interpreta a imperatriz Natalya, contou a VEJA sobre os desafios de atuar em uma série ambientada no universo de Frank Herbert

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 nov 2024, 08h00

Ambientada cerca de 10.000 anos antes dos acontecimentos do filme Duna 1 e 2, de Denis Villeneuve, a série Duna: A Profecia, que acaba de estrear na MAX, conta a história do surgimento da irmandade das Bene Gesserit e como elas se tornaram influentes no Imperium por milhares de anos. Com o mesmo visual primoroso dos cinemas, a série mostrará como as mulheres atuaram nos bastidores do poder para fazer valer sua força em um mundo futurístico, mas regido por regras feudais. Uma dessas personagens é a imperatriz Natalya, interpretada pela atriz Indira Varma. A atriz conversou com a reportagem de VEJA sobre como foi fazer esse papel e a influência da imperatriz na corte do imperador Corrino. Confira a seguir os melhores trechos:

Como você vê o papel da Imperatriz Natalya? Ela está em um casamento que se desgastou, se sentindo frustrada e impotente. Ela é uma personagem fascinante porque, de certa forma, ela está descobrindo sua voz e como ela pode jogar as pessoas umas contra as outras para atingir seu objetivo. Mas ela faz isso de forma muito sutil. Como atriz, foi um desafio emocionante. Ela é uma personagem complexa, não necessariamente simpática. O que gosto bastante. Foi interessante encontrar as nuances sutis sobre como ela conseguiu manobrar seu caminho para uma posição de influência.

Antes de ler o roteiro, você já conhecia a saga de Duna? Obviamente, eu já tinha visto o filme de David Lynch quando criança e também os mais recentes. Sou grande fã de Lynch. Para mim, foi interessante descobrir esse universo de uma perspectiva completamente diferente, que é a das mulheres que habitam aquele mundo.

Em um trecho do primeiro episódio, sua personagem está conversando com a filha, antes do casamento arranjado dela, e diz que, se estivesse governando, permitiria que a menina pudesse se casar com quem ela quisesse. A resposta da filha é: “Eu também sei negociar”. Como foi estabelecer esse relacionamento entre esses dois personagens? Adoro essa cena. É um retrato ousado e não convencional da maternidade. É uma imperatriz tentando ensinar uma princesa como se fortalecer, como governar e usar o poder. Há algo bastante shakespeariano entre elas naquela cena. A maneira como ela ajuda a filha a vestir o vestido de casamento sugere como se estivesse preparando a garota para ir par a guerra. É uma conversa interessante entre duas gerações de mulheres que têm perspectivas completamente diferentes.

A série habita o mesmo universo já criado por Denis Villeneuve em Duna 1 e 2. Você sentiu que a irmandade das Bene Gesserit precisava ser mais explorada nos filmes? Amo que essa irmandade seja misteriosa. Quando li o roteiro pela primeira vez, eu quis instantaneamente ir mais a fundo e descobrir aquele mundo. Não acho que os fãs precisem saber mais nada além do que já está ali.

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O universo de Duna é complexo, feito de traições e alianças. Que surpresas a série nos aguarda? Não quero dar nenhum spoiler, mas acho que a imperatriz Natalya vai nos surpreender bastante. Adoro interpretar personagens que são moralmente ambíguos. É divertido interpretar uma personagem que desafia os preconceitos ou ideias preconcebidas das pessoas, especialmente como mulher. É um universo fascinante para se destrinchar porque todos os relacionamentos, de fato, são incrivelmente complexos.

Você acredita que, de alguma forma, os problemas políticos apresentados na série ressoam na nossa sociedade? Acho que a série é bem fiel ao espírito dos livros de Frank Herbert, então, me parece que ela nos faz refletir sobre o que realmente estamos fazendo com o meio-ambiente, a escassez de recursos, e, claro, nos anos 1960, ele ter se questionado sobre as inteligências artificiais externando essa apreensão de uma ruptura social que ela poderia causar. Tudo isso parece mais relevante hoje do que nunca.

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