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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming

Como ‘Volta por Cima’ é um exemplar certeiro do conceito “black joy”

Novela das 7 da Globo tem trama leve e romance cheio de química entre Madá (Jéssica Ellen) e Jão (Fabrício Boliveira)

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 nov 2024, 12h27 - Publicado em 4 nov 2024, 18h00

Atual novela das 7 da Globo, Volta por Cima apresenta uma trama leve com o romance de Madá (Jéssica Ellen), uma mulher batalhadora que se apaixona por Jão (Fabrício Boliveira). Apesar das intempéries enfrentadas pela protagonista, como a morte repentina de seu pai, Lindomar (MV Bill), às vésperas de sua tão esperada aposentadoria do trabalho como motorista de ônibus, a novela escrita por Claudia Souto tem se mostrado um exemplar certeiro do conceito black joy, a felicidade preta, em tradução livre.

Obras black joy consistem em exaltar histórias com pessoas negras, mas sem destacar o sofrimento das mesmas, como dar ênfase em racismo e miséria, por exemplo. Algumas produções do tipo são o filme Um Ano Inesquecível – Outono, do Prime Video, e a série Insecure, da HBO.

No capítulo de Volta por Cima exibido na última quinta-feira, 31, a celebração da negritude foi mostrada com o encontro de Madá e Jão em um baile charme, uma balada, geralmente promovida ao ar livre, onde se toca especialmente músicas de gêneros da black music, como R&B contemporâneo e swingbeat. Neste tipo de evento, os frequentadores costumam dançar sincronizadamente, fazendo passinhos no ritmo das músicas. Todos os figurantes em cena eram negros, e o casal de mocinhos trocou carinhos, e Madá, inclusive, destacou a beleza das tranças de Jão, um penteado tradicionalmente afro.

A inclusão do baile charme em Volta por Cima foi uma sugestão acertada do diretor artístico da novela, André Câmara, que achava importante o contexto na construção do casal principal. Câmara também assinou Amor Perfeito (2023) na mesma função.

No geral, a história da novela também mostra o dia a dia das pessoas batalhadoras, assim como Madá, Jão, e vários outros personagens interpretados por atores negros, mas o aspecto racial não é o único traço de suas personalidades, exorcizando estereótipos que por tanto tempo foram perpetuados na dramaturgia e provando mais uma veze como é possível fazer histórias tocantes e alegres que representem na tela mais da metade da população brasileira. Um grande acerto da Globo.

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