Como a série ‘The Last of Us’ deu um tapa na cara do machismo
Atrizes escaladas sofreram várias críticas por causa da aparência – e derrubaram uma por uma

Quando a atriz inglesa Bella Ramsey foi anunciada para interpretar Ellie, co-protagonista da série The Last of Us, novo hit da HBO, muitos fãs do videogame se irritaram. Bella não se parece com Ellie, personagem de animação com feições dignas de uma princesa da Disney: nariz empinado, olhos grandes e claros e lábios bem delineados. Aos 19 anos, a atriz que havia feito sucesso em The Game of Thrones foi chamada de feia e de todos os sinônimos possíveis do termo. Bella, porém, não demorou para derrubar a falta de argumento dos haters: a atriz vem dando show de atuação, como atesta o quinto episódio da série, exibido na sexta-feira, 10, e disponível na plataforma HBO Max.

Os comentários que pediam por verossimilhança escondiam, na verdade, o velho e vergonhoso machismo. A aparência de Ellie não é essencial para a história do jogo nem para a jornada da personagem – uma adolescente sagaz, emocionada e corajosa. O mesmo pode ser dito de Melanie Lynskey, intérprete de Kathleen, a fria líder dos revolucionários de Kansas City.
A atriz respondeu uma crítica feita pela modelo americana Adrianne Curry nas redes sociais: aos olhos de Adrianne, Melanie parece uma senhora com uma vida de luxo e não uma guerrilheira do apocalipse. “Eu interpreto uma pessoa que planejou e executou meticulosamente a derrubada do Fedra. Eu tenho que ser inteligente, querida. Não preciso ser musculosa. É para isso que servem os capangas”, respondeu Melanie ironicamente.
A voz gentil e fina da atriz ainda foi alvo de mais críticas misóginas. Aparentemente, uma mulher com voz muito feminina não inspiraria uma revolução. Assim como Bella, Melanie sambou na cara dos críticos no quinto episódio. Misturando gentileza com um tom de psicopatia, a atriz fez de Kathleen uma das líderes mais assustadoras que o apocalipse já viu.