Protagonizada pelo ex-global Marco Pigossi, a primeira temporada de Cidade Invisível causou polêmica na época de seu lançamento, em 2021, por deixar de lado a representatividade indígena — tanto em frente às câmeras quanto nos bastidores. Isso porque a série resgata figuras emblemáticas do folclore brasileiro, este que, por sua vez, bebe das lendas e histórias tradicionais dos povos originários. A nova leva de episódios, já disponível na Netflix, busca redimir a gafe do passado ao trazer os indígenas para o centro da narrativa: agora, o cenário não é mais o Rio de Janeiro, mas sim Belém do Pará e a floresta amazônica, onde eles são ameaçados pelo garimpo predatório de ouro — questão que ecoa crises socioambientais pungentes do Brasil real.
Cidade Invisível imediatamente clamou para si o topo do ranking dos mais assistidos da plataforma aqui no país — vale lembrar que a série também foi aclamada pelo público extrangeiro dois anos atrás, feito que deve se repetir. A atual temporada incorpora outros nomes da cutlura popular, como Mula sem Cabeça, Lobisomem e Matinta Perera, esta interpretada por Leticia Spiller. Ao dar voz àqueles que anteriormente ficaram excluídos de seu protagonismo na história do folclore nacional, a produção marca gol: há, enfim, representatividade em cena, com personagens indígenas — Kay Sara, Ermelinda Yepario e Zahy Tentehar fazem parte do elenco. Nos bastidores, a cineasta Graciela Guarani dirige alguns dos episódios.
Embora a série retorne com apenas cinco episódios (dois a menos que na primeira fase), há espaço para que a forte mensagem sobre proteção ambiental se amplifique, com a denúncia da exploração descabida dos recursos naturais. Nessa briga, o ex-policial Eric (Pigossi), agora com seu lado sobrenatural desperto, e a Cuca (Alessandra Negrini) batem de frente com a vilã Débora (Zahy Tentehar), uma poderosa empresária, e a juíza corrupta Clarice (Simone Spoladore) — ambas revelam ter também um lado mitológico.