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Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
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Caso Melhem x Calabresa: a vítima que não sabe se é vítima

Os depoimentos confusos e contraditórios de uma das mulheres que acusam o ex-diretor da Globo

Por Da Redação Atualizado em 12 abr 2024, 15h16 - Publicado em 2 set 2022, 16h49
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  • Um dos processos relacionados ao caso do suposto assédio sexual do ex-diretor da Globo Marcius Melhem contra a atriz Dani Calabresa e outras sete mulheres corre na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher no Rio de Janeiro (Deam). A  atriz Débora Lamm, a Dona Cotinha do programa Zorra, figura ali como uma das vítimas, mas não fez até agora nenhum relato de ataques contra ela por parte de Melhem, já se confundiu ao ser perguntada pelo juiz sobre o caso em questão e até elogiou o ex-diretor em um depoimento.

    A parte mais pesada de todo esse escândalo sexual se refere a um suposto ataque que Melhem teria feito a Dani Calabresa numa festa do elenco de humor global ocorrida no Rio em novembro de 2017.  Segundo Lamm, no meio da balada, Melhem teria tentando beijar Calabresa no momento em que os dois estavam dançando no palco da balada. Ainda de acordo com Lamm, ao ver pelo olhar de Calabresa que ela não estava confortável com a situação, ela puxou a atriz do palco, de forma a afastá-la de Melhem. Nessa mesma festa, Calabresa acusou Melhem de ter tentado depois agarrá-la à força num ambiente mais reservado do local. Melhem nega qualquer agressão, dizendo que ele e Calabresa “trocaram beijos e carinhos” em uma área reservada, de forma consensual, em companhia de uma amiga convidada por Calabresa.

    Em sua defesa, Melhem acrescenta ainda que ele e Calabresa continuaram tendo depois do evento uma relação amistosa, incluindo trocas de mensagens de cunho sexual. O ex-diretor destaca ainda que Calabresa e Lamm chegaram um mês depois até a comparecer a uma festa em seu apartamento no Rio, divertindo-se em um karaokê improvisado (um vídeo com as cenas foram anexadas ao processo).

    Depois que o escândalo foi parar na imprensa, em outubro de 2020, com a contribuição direta da advogada Mayra Cotta, que representando as supostas vítimas concedeu entrevista à Folha de S.Paulo, a primeira pessoa a procurar reparação na Justiça foi Melhem. Indignado com as acusações, Melhem atribuiu a denúncia de Dani Calabresa a uma vingança dela por desentendimentos profissionais ocorridos entre os dois na discussão de um novo projeto de humor da Globo. No processo cível que ele move por danos morais contra Calabresa, Debora Lamm foi convocada como uma das testemunhas da atriz.

    No depoimento de Lamm, no qual ela repete a história de ter salvo Calabresa do palco, o juiz pergunta em um determinado momento se ela é vítima de assédio sexual. De forma surpreendente, Lamm responde: “Eu acho… não, não, eu sou testemunha”. O juiz insiste mais uma vez: “Tá, a senhora só é testemunha, a senhora não é vítima?”. Lamm confirma: “É”. No fim, é a advogada de Dani Calabresa que ajuda a esclarecer a situação durante o depoimento em questão, lembrando que Lamm é uma das mulheres que constam no processo criminal aberto na Deam.

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    Apesar disso, Lamm não esclareceu até hoje por que figura como vítima de assédio sexual na Justiça Criminal. Ela se queixa de algo bem diferente: fala que perdeu espaço profissional na Globo após sua intervenção a favor de Calabresa na festa de 2017, culminando com a saída dela do programa Zorra, em 2018. Ao mesmo tempo, Lamm reconhece que nunca foi maltratada profissionalmente por Melhem e que, no mesmo ano, voltou a trabalhar com ele na peça O Abacaxi.

    Durante uma fase dessa investigação na Deam, a promotora responsável pelo caso estabeleceu uma medida protetiva, proibindo Melhem de se aproximar ou manter contato com as supostas vítimas, incluindo Lamm. Essa medida cautelar foi afastada pela mesma promotora em maio de 2022. Antes de bater às portas da Deam, boa parte das mulheres procurou inicialmente em 2020 Gabriela Manssur, que era na época procuradora responsável pela Ouvidoria Nacional do Ministério Público de São Paulo. Manssur remeteu os depoimentos delas para a Deam (uma parte desses depoimentos foi por escrito).

    O inquérito criminal da Deam segue sem conclusão, um ano e meio depois do início da investigação. Recentemente, a advogada Mayra Cotta foi condenada pela Ordem dos Advogados do Brasil e recebeu do órgão uma advertência por fazer propaganda ilegal de serviços usando a repercussão do caso Melhem x Calabresa. Após uma ameaça de impugnação de candidatura movida pelo Ministério Público Estadual, Gabriela Manssur deixou a carreira de promotora para prosseguir no seu desejo de entrar para a política. Ela concorre ao cargo de deputada federal pelo MDB-SP.

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