Caramelo reforça tradição dos filmes de cães com vira-lata nacional
Longa da Netflix com um legítimo cachorro brasileiro como protagonista explora o encanto por esses animais nas telas
Durante algumas semanas, o diretor Diego Freitas rodou o Brasil em busca de um astro canino. Inspirado pela cachorrinha Paçoca, que adotou na pandemia, ele buscava um vira-lata carismático para contracenar com Rafael Vitti no longa Caramelo, que estreia na quarta-feira 8 na Netflix. Só não esperava que a estrela viesse até ele: “Um cachorrinho de rua apareceu na porta do nosso treinador. Ele tinha uns 3 meses de idade, com a barriguinha cheia de lombriga. Estava praticamente pedindo emprego”, contou o cineasta a VEJA sobre Amendoim, o encantador e hiperativo cãozinho que protagoniza o filme.
Adotado pela equipe, Amendoim saiu das ruas e virou estrela: estreou em frente às câmeras aos 9 meses de idade, depois de um semestre de muito treinamento em forma de brincadeiras com a equipe do longa — que teve de lhe ensinar, entre outras coisas, a “divertida” tarefa de destruir parte do cenário. “Descobrimos um superstar canino. Ele é maravilhoso”, atesta o diretor sobre o ator animal.
Brasileiríssimo, o vira-lata caramelo da Netflix reforça uma lista numerosa de astros peludos que encantam nas telas. Segundo o Guinness Book, os cachorros são os animais mais populares do cinema, aparecendo em mais de 1 300 filmes. Entram nessa lista clássicos como Lassie: a Força do Coração (1943) e Marley & Eu (2008), mas também o mais recente Anatomia de Uma Queda, em que o border collie Messi roubou os holofotes ao interpretar o cão-guia Snoop.
Atrás dos caninos, os cavalos e os gatos completam o pódio de aparições cinematográficas, mas passam longe de ter a mesma fama dos cãezinhos. A predileção pelos cachorros tem vários motivos: o principal deles é a fama de melhor amigo do homem, que permite criar histórias emocionantes explorando a relação entre cão e tutor. Nesse contexto, os animais assumem, muitas vezes, a figura de apoio emocional em momentos difíceis da vida do protagonista humano — é o caso de Caramelo, e também do emocionante Sempre ao Seu Lado (2009), com Richard Gere.
Para além da relação ancestral entre as espécies, o que faz dos cachorros tão queridinhos de cineastas é o fato de que costuma ser mais fácil trabalhar com eles que com outros animais domésticos — como os gatos, que são menos dispostos a colaborar com as câmeras. Mesmo assim, o trabalho precisa ser bem pensado e levar em conta o bem-estar do animal. Não à toa, quando o papel exige muito, costuma-se apelar para a computação gráfica. É o caso do fofíssimo Krypto, de Superman: apesar de fazer sucesso e encantar nas telas, o cãozinho de Clark Kent foi todo criado com CGI.
No caso do filme da Netflix, os cachorros são bem reais, e a equipe precisou estender o período de gravações para respeitar o ritmo dos animais. Amendoim contou com uma equipe especializada só para ele, incluindo nutricionista, treinador, veterinário e até massagista (sim, para “aliviar” o estresse). “Quando não estava mais a fim, ele ia para a casinha tirar uma soneca. O tempo do cachorro é prioridade no set”, diz o diretor. Amendoim também tinha um dublê. Comum em em filmes de pets, os dublês caninos são usados justamente para não sobrecarregar os animais. No caso de cães de raça, a tarefa é mais fácil, pela semelhança entre eles. Para vira-latas, encontrar animaizinhos idênticos torna-se mais desafiador. “Foi a maior dificuldade. Mas nós achamos um caramelo parecido nos abrigos que visitamos. O Derek é mais calminho, então as cenas em que o cachorro está no colo é ele quem faz”, detalha o diretor sobre os bastidores do filme — que, além dos dois caramelos, contou com dezenas de outros cães, muitos dos quais acabaram adotados pela equipe ao fim do processo.
Reais ou criados com CGI, fato é que os cachorros são uma arma poderosa para atrair o público, já que muita gente se derrete no primeiro latido. O amor pelos bichos, contudo, gera situações inusitadas: assim que o trailer de Caramelo foi lançado, alguns usuários “ameaçaram” nas redes cancelar a assinatura da Netflix caso algo de ruim aconteça com o cachorrinho no filme. O furor, claro, não passa de ansiedade daqueles que não aguentam ver os bichinhos sofrendo — nem mesmo na ficção. Afinal, os cães são nossos heróis de estimação, e merecem ser tratados como tal nas telas.
Publicado em VEJA de 3 de outubro de 2025, edição nº 2964
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