Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Tela Plana

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
Continua após publicidade

‘Borat 2’ irritou de sobrevivente do Holocausto a Trump; veja polêmicas

Longa do Prime Video, da Amazon, arrebanha controvérsias por seu humor satírico, que ironiza negacionistas, pedófilos e políticos pelo mundo

Por Tamara Nassif Atualizado em 28 out 2020, 11h42 - Publicado em 28 out 2020, 11h23
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Em 2006, quando chegou aos cinemas e se tornou um fenômeno inesperado, Borat incomodou muita gente com seu humor satírico nada leve. Era esperado que sua sequência, lançada em pleno 2020, o ano em que uma pandemia acentuou ainda mais o radicalismo e a polarização, arrebanhasse para si uma boa cota de polêmicas. Estrelado pelo comediante Sacha Baron Cohen, o filme que chegou à plataforma de streaming Prime Video, da Amazon, na sexta-feira, acompanha o atrapalhado jornalista cazaquistanês em uma missão nos Estados Unidos. Para criar um laço entre o governo do Cazaquistão e Donald Trump, Borat deve levar um presente ao presidente americano, via Mike Pence, seu vice. Inicialmente, o mimo era um macaco estrela de filmes pornôs, mas acaba sendo substituído de última hora pela filha adolescente do jornalista — já que os poderosos americanos demonstraram diversas vezes um gosto por “novinhas”. Trump logo respondeu ao filme, assim como o governo do Cazaquistão e até um sobrevivente do Holocausto, que não gostou de uma piada de Cohen (que é judeu) sobre o genocídio.

    Confira abaixo as principais polêmicas provocadas pelo esdrúxulo repórter cazaquistanês (contém spoilers).


    Negação do holocausto e processo judicial

    borat 2
    Cena com Judith Dim Evans, em ‘Borat 2’ (//Reprodução)

    Em um dos momentos mais delicados do filme, Borat entra em uma sinagoga americana decidido a “aguardar o próximo tiroteio em massa”, trajando uma fantasia caricata da cultura judaica e crente de que “o Holocausto nunca havia acontecido”, graças a uma postagem no Facebook. É então que ele vai ao encontro de Judith Dim Evans, que lhe diz: “Eu estive no Holocausto, eu vi com meus olhos.” A cena é uma crítica aos negacionistas, mas, aos olhos dos familiares de Judith, é símbolo de uma “comédia destinada a zombar do Holocausto e da cultura judaica”. O resultado foi um processo judicial, lançado antes mesmo de o filme ir ao ar, que exigia que a participação de Judith, falecida este ano, fosse cortada do falso documentário e que a família fosse indenizada com 75.000 dólares. Na última segunda-feira, 26, o processo foi indeferido pelo Tribunal Superior da Georgia, uma vez que Judith estava ciente do teor do filme. Segundo reportagem do site Deadline, foi a primeira vez que Baron Cohen revelou a um personagem de seus filmes o que estava sendo pretendido: “Por respeito, alguém disse a Evans e à amiga com quem ela compartilha a cena que o próprio Baron Cohen é judeu e interpretaria um personagem ignorante, que serviria como um meio de educação sobre o Holocausto.” Em comunicado, os advogados de defesa da Amazon disseram que “a compaixão e coragem de Judith Dim Evans como sobrevivente do Holocausto tocou o coração de milhões de pessoas que viram o filme” e a vida dela é “uma repreensão poderosa àqueles que negam o Holocausto”.

    Continua após a publicidade

    A imagem cazaquistanesa

    borat 2 -2
    Cena de ‘Borat 2’, com Sacha Baron Cohen (//Reprodução)

    À época da estreia do primeiro filme de Baron Cohen na pele do atrapalhado jornalista, sua recepção não foi lá das mais calorosas por parte do governo Cazaquistão. Muito pelo contrário: Borat chegou a ser banido no país, que é retratado, de maneira fictícia, como um mundo selvagem e de forma em nada lisonjeira. Agora, no entanto, em uma manobra inesperada, o país decidiu surfar na onda do filme e usá-lo ao seu favor, adotando o bordão “Very Nice” (Muito Legal, em português) de Borat como slogan de suas campanhas oficiais de turismo (veja abaixo). A mensagem é aliada a uma série de vídeos curtos que apresentam as belezas naturais e culturais do Cazaquistão, e ao que Baron Cohen defendeu em comunicado enviado ao The New York Times. “Escolhi o Cazaquistão porque era um lugar que quase ninguém nos Estados Unidos conhecia, o que nos permitiu criar um mundo selvagem, cômico e falso. O Cazaquistão real é um belo país com uma sociedade orgulhosa e moderna – o oposto da versão de Borat”, escreveu.

    Continua após a publicidade

    O tom jocoso, entretanto, não foi o acolhido por todos os cazaquistaneses. Uma campanha organizada pela Kazakh American Association exige, por meio de uma carta-aberta endereçada a executivos da Amazon, que o filme seja retirado do catálogo da plataforma. A associação alega que o filme “pode causar danos irreparáveis à imagem nacional e à população do Cazaquistão, já que sua natureza cômica pode justificar assédio com base na etnia” e que “incita violência contra um grupo étnico minoritário altamente vulnerável e sub-representado”. Um abaixo-assinado pelo cancelamento do filme, lançado no começo deste mês, já conta com mais de 110.000 assinaturas.

    Política e governantes americanos

    borat 2 -1
    O polêmico vídeo com o ex-prefeito de Nova York e atual advogado de Donald Trump, Rudy Giuliani (//Reprodução)

    Casamento infantil, pedofilia e a cultura das “novinhas”, em bom português, é tema central do filme, quando Borat decide presentear a própria filha Tutar, de 15 anos, interpretada por Maria Bakalova, de 24, ao presidente americano. No processo, em que ele até chega a comprar uma jaula para colocar a filha durante a viagem – uma referência às crianças mexicanas durante a deportação –, Tutar foge para se tornar jornalista e, a partir daí, protagoniza um dos momentos mais polêmicos do filme. Sob o pretexto de trabalhar para um canal conservador, Tutar entrevista Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York e atual conselheiro e advogado de Donald Trump. Em seguida, Giuliani é visto aparentemente abrindo sua calça em um quarto de hotel, em presença da jovem, ao que Borat interrompe e grita: “Ela tem 15 anos! É muito velha para você!”.

    Continua após a publicidade

    Em sua conta oficial do Twitter, Rudy Giuliani se defende: “O vídeo de Borat é completamente falso. Eu estava colocando minha camisa para dentro depois de tirar o equipamento de gravação. Em momento algum, antes, durante ou depois da entrevista, fui inapropriado. Se Sacha Baron Cohen disser o contrário, então ele será um mentiroso.”

    https://twitter.com/RudyGiuliani/status/1319031305120657410

    O próprio presidente Donald Trump chegou a trocar farpas com Baron Cohen, quando questionado sobre uma cena do filme em que Borat invade um evento do Partido Republicano para oferecer sua filha ao vice-presidente Mike Pence. Segundo o jornalista Steve Herman, Trump disse: “Não sei o que aconteceu. Mas anos atrás, Sacha Baron Cohen tentou me pregar uma peça e fui o único que disse ‘sem chance’. É um cara falso e não acho ele engraçado.” O ator, em sua conta pessoal, respondeu agradecendo a “publicidade gratuita para Borat” e dizendo que também não acha o presidente engraçado.

    “Eu admito, também não te acho engraçado. Mas ainda assim o mundo inteiro ri de você. Estou sempre procurando pessoas para interpretar bufões racistas, e você vai precisar de um novo emprego depois de 20 de janeiro. Vamos conversar!”, escreveu. Além de Trump, Borat faz piada com Bolsonaro ao incluí-lo na lista de “líderes mundiais durões” ao lado de ditadores como o norte-coreano Kim Jong-Un e o russo Vladimir Putin.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.