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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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‘Bel-Air’ recicla de forma opaca as inovações de ‘Um Maluco no Pedaço’

Nova versão da sitcom, que fez sucesso com Will Smith nos anos 90, retoma temas como racismo e desigualdade social — mas perde o brilho da original

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 Maio 2022, 17h47

Adolescente negro e morador da Filadélfia, na Pensilvânia, tem um futuro promissor: além de ser um aluno de boas notas e popular com as garotas, é a estrela do time de basquete que está prestes a conseguir uma bolsa de estudos na Universidade de Virgínia. Tudo dá errado quando o garoto aceita uma aposta com traficantes do bairro para uma partida que joga aquele destino brilhante na lama. Se vencesse, ele levaria 2.000 dólares, mas, se perdesse, teria que trabalhar para o maior bandido da comunidade. O jovem ganha o jogo, mas uma briga generalizada o leva a sacar uma arma, atirar para o alto e apontá-la para o gângster. Resultado: os dois são presos, as digitais estão no revólver e para a realidade de um rapaz negro é a passagem de ida para uma vida encarcerada.

O enredo acima é do remake de Um Maluco no Pedaço, agora batizado de Bel-Airque estreou na quarta-feira, 18, no Star+. Como no original, o protagonista — antes interpretado por Will Smith e agora por Jabari Banks — é salvo pelo gongo. Em vez de ir para um reformatório, ele ganha uma passagem de avião (na primeira classe) para a Califórnia, onde vai morar com seus tios podres de ricos em Bel-Air, bairro nobre de Los Angeles. A virada pode até ser igual, mas na nova produção não teremos mais as risadas, nem o primo bobão, nem a prima desmiolada. A produção levou a sério a ideia de fazer uma versão dramática da sitcom — pena que ficou dramática até demais.

A ideia de Bel-Air nasceu quando o cinegrafista Morgan Cooper criou um curta-metragem imaginando a série original como um drama. O vídeo viralizou e chegou até Will Smith, que decidiu tocar e ampliar o projeto. Com enredo mais pesado, a série carrega na tristeza para chegar ao cerne das agruras do racismo. Porém, Bel-Air fica aquém do original — que já era um tanto inovadora. Com muita acidez e boas tiradas, Um Maluco no Pedaço usava a comédia para “militar”: ao seu modo, a série falava sobre racismo policial, desigualdade social, tráfico de drogas, comunidades pobres dominadas pela criminalidade e o sistema judiciário dos Estados Unidos que falha com pessoas negras – principalmente adolescentes de origens humildes.

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Bel-Air, contudo, tem seu valor. A fotografia é impecável, os cenários também receberam um upgrade e os atores podem se esbaldar com o texto dramático. Longe de casa para não ser morto pelo traficante derrotado no jogo de basquete, o protagonista descobre que foi salvo por seus tios Vivian (Cassandra Freeman) e Philip (Adrian Holmes), que o levaram para sua luxuosa mansão em Bel-Air para ficar longe dos problemas, com a justificativa falsa para todos de que o sobrinho foi apenas atrás de uma “educação melhor”.

Carlton (Olly Sholotan) não tem nada do bobo da primeira versão. O rapaz, que na versão original é vivido de forma espirituosa por Alfonso Ribeiro, agora assume a carapuça de vilão e principal inimigo do primo. O baixinho, aliás, é viciado em cocaína, ainda é apaixonado por Lisa (Simone Joy Jones) — que vira interesse romântico de Will — e ainda por cima se contenta em ser o “chaveirinho” de amigos brancos privilegiados e racistas. A irmã mais velha Hilary (Coco Jones) insiste em ser uma influenciadora digital que prega sua independência de Vivian enquanto ainda mora na casa da piscina da mansão sem pagar nada. Vale citar que a caçula Ashley (Akira Akbar) aparece, mas bem pouco, uma personagem completamente esquecida nesta versão.

O roteiro repete o original ao mostrar os Banks como uma “família margarina” graças à carreira bem-sucedida de tio Phil como advogado. Agora ele concorre a um cargo público, de procurador-geral do distrito, que tem como mote de campanha (ironicamente de propósito) ajudar a consertar justamente o sistema falido que condena o futuro de jovens negros. A trama deixa sinais óbvios de que problemas vão surgir já que o patriarca dos Banks mexeu os pauzinhos para livrar a cara de Will, sumindo com as provas dos crimes cometidos por ele. Tio Phil… quem diria.

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