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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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As revelações do novo documentário sobre Kanye West na Netflix

Em 'Jeen-Yuhs', dirigido pelo comediante e cineasta Coodie, o público tem acesso inédito aos primeiros anos da carreira do controverso rapper americano

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 fev 2022, 14h08 - Publicado em 18 fev 2022, 13h06
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  • Em certo momento da série documental dividida em três partes Jeen-yuhs, disponível na Netflix, o rapper Kanye West está sentado com sua mãe, dona Donda, na sala da casa dela, e ouve um incentivo que só uma figura materna coruja conseguiria fazer: “Você toca tão bem quanto Michael Jordan converte arremessos”, afirma ela. “Você é um gigante. E gigantes não veem nada quando se olham no espelho”. A reação de Kanye é o silêncio. Na sequência, como que energizado por aquele incentivo, ele se joga no difícil mundo do showbiz americano.

    Com o mérito de retratar a gênese de um dos mais importantes e controversos rappers americanos de uma maneira pouco ortodoxa, a série documental acompanha West desde quando ainda era um produtor musical desconhecido de Chicago, mas já almejava se tornar uma celebridade. Para isso, ele pediu para o comediante Coodie – que também era documentarista – registrar, há mais de 20 anos, seu périplo em busca de uma gravadora e do estrelato. A justificativa para abrir sua intimidade para um documentarista quando ele ainda não era ninguém soa arrogante – mas faz sentido dentro de sua peculiar visão de mundo. “Eu não posso ser um astro, se eu não parecer um astro”.

    A aposta de Kanye West não estava errada. Por quase uma década, Coodie acompanhou os bastidores da carreira do rapper. O público tem acesso a momentos históricos de sua vida – coisa que muitos rappers famosos como o próprio Jay-Z não têm. Hoje, a vida de todo mundo fica registrada em posts de Instagram, mas há vinte anos ninguém que estivesse em início de carreira pensaria dessa forma. Assim, acompanhamos, por exemplo, o dia em que ele visitou a gravadora Roc-A-Fella Records, de Jay-Z, e foi recebido por produtores que não entendiam muito bem quem era aquele sujeito ali, mas o respeitaram, já que ele chegou acompanhado de uma equipe de documentaristas. “Estão fazendo um documentário sobre mim”, ele diria a todos, levantando a dúvida: “Será que esse sujeito é famoso?”

    Outro mérito da série é mostrar, sem restrições, o que fez Kanye West ser considerado um grande rapper nos Estados Unidos e no mundo. Dono de beats inovadores, versos matadores e uma criatividade ímpar, West lançou hits que marcaram os anos 2000. Ao acompanhar sua trajetória, portanto, os espectadores descobrem quem era West antes de ele virar um ególatra que, anos mais tarde, ganharia notoriedade por se casar com a socialite Kim Kardashian e se tornar também apoiador de Donald Trump. Trata-se de imagens feitas antes de West começar a exibir de maneira excessiva – para não dizer amalucada – sua vida e carreira.

    Em dado trecho do documentário, em algum momento no início dos anos 2000, mais um vislumbre do futuro. West diz que gostaria de retirar seu sobrenome do nome artístico e ser conhecido só por um nome. De certa forma, ele conseguiu. Recentemente, o governo americano autorizou que ele mudasse seu nome e fosse conhecido só como Ye, a sílaba final de seu primeiro nome e a maneira como seus amigos sempre o chamaram. As duas outras partes do documentário – que ainda vão estrear na Netflix – são menos vibrantes que essa primeira. O motivo é que, conforme West foi ficando famoso, Coodie foi tendo cada vez menos acesso ao artista. Até que chegou um momento em que ele não conseguia filmar mais nada. West, enfim, havia se tornado uma celebridade de fato.

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