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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming

‘All of Us Are Dead’ e a violência sem filtros das séries sul-coreanas

Seja com zumbis ou o jogo infantil mortal de ‘Round 6’, tramas vindas do país apostam em violência gráfica para fazer críticas sociais

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 fev 2022, 12h40 - Publicado em 7 fev 2022, 12h35

Nos três primeiros minutos da sul-coreana All of Us Are Dead, novo sucesso de audiência da Netflix, um adolescente é agredido por um grupo de jovens no terraço de um prédio. O ataque motivado pelos absurdos do bullying tem um desfecho cruel. A série em doze episódios, porém, estava só começando: uma cota alta de sangue e violência vai permear os episódios quando um vírus, criado pelo pai do garoto agredido, transforma os integrantes da escola em aterrorizantes zumbis.

Parte de uma prolífica nova safra de produções televisivas vindas da península asiática, All of Us Are Dead segue a fórmula de outros hits do país: Round 6, a série mais vista da história da Netflix, chocou com um jogo sanguinolento em que os participantes morriam tentando ganhar dinheiro; em A Profecia do Inferno, monstros do além matam de forma brutal os mais diversos tipos em Seul, antes de levá-los para a casa do Capiroto.

Velha aliada da ficção, usada para o bem e para o mal, a violência ganha cores muito específicas nas mãos dos produtores sul-coreanos. Longe de ser gratuita, ela serve como alegoria para denunciar dramas sociais, como a desigualdade, e ainda reflete a própria história do país, construído a base de guerras e de violentos protestos pela democracia nos anos 80. O caso mais emblemático foi o hoje chamado de Massacre de Gwangju. Na cidade no sudoeste do país, uma onda de manifestações civis contra a ditadura de Chun Doo-hwan (1931-2021) foi violentamente reprimida pelo exército que, por sua vez, encontrou uma população também agressiva e revoltada com o quadro nacional. A estimativa é de que mais de 2 000 pessoas tenham morrido no confronto.

Historicamente oprimida pelo Japão e pela China, a Coreia do Sul responde ao passado destoando da cultura dos vizinhos. Se os japoneses prezam por conter e reprimir sentimentos, os sul-coreanos não guardam nada para si: sofrem, riem e choram alto. O desejo de extravasar sentimentos é outra razão para a violência extrema na ficção: quanto maior for a dor dos personagens, maior será o choque do espectador conduzido pela força da cena. Outra diferença importante entre os coreanos e outros asiáticos próximos é a liberdade de produção sem censura – o que não acontece na China, ou muito menos na Coreia do Norte.

Curiosamente, os crimes violentos na Coreia do Sul são baixos. Segundo dados das Nações Unidas, a taxa de homicídios no país é menos de 1 por 100.000 habitantes – para comparação, no Brasil a taxa é de 30 para 100.000 habitantes. Mesmo assim, a península apresenta dados alarmantes, como uma patente desigualdade social, alto índice de feminicídio e também de suicídio. A violência é parte do dia a dia do mundo: e a Coreia do Sul não tem receios em expor esse lado assustador do ser humano.

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