A personagem de ‘And Just Like That’ que merecia o protagonismo
Retorno do revival de 'Sex and The City' dá pouca atenção ao que é, possivelmente, a melhor história de romance desde o seu início

ATENÇÃO: Esse texto contém spoilers das duas primeiras temporadas da série And Just Like That…, da Max
Acaba de estrear na Max a terceira temporada de And Just Like That…, um revival da comédia dos anos 90 Sex and The City. Na série original, quatro amigas nova-iorquinas de 30 e poucos anos são muito bem-sucedidas em suas carreiras, mas ainda penam para encontrar o amor. No revival, lançado 17 anos mais tarde, a busca pelo amor ainda está presente, mas agora com o efeito do tempo, dramas mais maduros e personagens mais conscientes de seus próprios desejos.
A protagonista Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) desde Sex and The City tem a vida amorosa mais atribulada. Seu relacionamento ioiô com o empresário Mr. Big (Chris Noth) é atravessado por problemas de comunicação e jogos de manipulação. Ao longo das seis temporadas da série, o público viu a personagem perder as estribeiras em torno dos mesmos problemas, sem que ela tomasse uma atitude para mudar a situação.
Em And Just Like That…, para o alívio de muitos, Mr. Big não é mais o foco de Carrie. Ela, na verdade, está vivendo o luto pela morte dele, que ocorre logo no primeiro episódio do remake. Com isso, novas aventuras amorosas se apresentam para a escritora, que reencontra Aidan Shaw (John Corbett) e retoma o relacionamento com ele, um dos mais estáveis que teve durante Sex and The City. A nova temporada do revival aprofunda a vida de casal à distância de Carrie e Aidan, que começou quando ele revelou que precisava morar em Norfolk, na Virgínia, para cuidar do filho mais novo que sofre de transtornos mentais. Diante de uma nova fase do relacionamento dos dois, a protagonista parece repetir os mesmos erros que cometia com Big, deixando de comunicar o que lhe incomoda e vivendo sob a sombra de Aidan, que tomou as rédeas do relacionamento mesmo tão ocupado com sua delicada questão familiar.
Diante do timing prejudicado da relação de Carrie e Aidan, a vida amorosa com mais apelo e evolução nesta temporada é a de Miranda Hobbes (Cynthia Nixon), que durante o revival se entende como lésbica. Ao se separar de Che Díaz, com quem se relacionou anteriormente, Miranda está procurando aventuras românticas. No primeiro episódio, ela decide levar as amigas Carrie e Charlotte (Kristin Davis) para um bar lésbico, após revelar que se sente sozinha nesses espaços. A solidão expressa por Miranda logo é ignorada, pois as amigas começam a falar do romance de Carrie com Aidan — uma prova de que o roteiro parece não dar tanta importância para a questão LGBTQIA+ quanto aparenta.
Ainda nos episódios iniciais, a vida amorosa de Miranda é o alívio cômico da temporada, repleta de situações constrangedoras da personagem enquanto tenta flertar com mulheres. Suas aventuras nessa nova fase vão desde um flerte com uma ex-freira até a dúvida se a paquera com outra mulher é de fato uma paquera ou um papo de mulheres heterossexuais.
Miranda, no entanto, é a única que não tenta se esconder atrás de máscaras. Enquanto Charlotte está muito ocupada tentando parecer jovem e legal perto de suas colegas de trabalho mais novas e Carrie tenta ignorar seus incômodos para agradar Aidan, Miranda está empenhada em priorizar seus desejos e em se conectar mais com as pessoas nesse novo capítulo de sua vida, mesmo que suas investidas se mostrem estabanadas. Mas quem não desiste de si chega lá — e, assim, Miranda se tornou a pessoa com a trajetória mais interessante da série até agora.
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