“Um novo rei nas pistas”, anunciava uma reportagem de VEJA com data de capa de 15 de agosto de 1984. Era Joaquim Cruz, vencedor dos 800 metros rasos, uma das provas mais celebradas do atletismo. Aos 21 anos, com o tempo de 1m43s73, ela bateu o recordo olímpico. Deu a volta olímpica no Coliseum de Los Angeles e comoveu o Brasil. Era a glória de um dos mais completos esportistas da história brasileira. Um quadro dentro da reportagem destacava o trabalho do treinador de Joaquim, Luís Alberto de Oliveira, de 34 anos. Contratado pela Athletics West, a meca do atletismo da Califórnia, ele se mudara para os Estados Unidos de modo a acompanhar o prodígio brasiliense. “Quero continuar me especializando em meio-fundo e fundo, porque estas provas exigem mais do técnico, ao contrário do velocista, cujo dom é mais natural do que o fundista – a pessoa nasce veloz”, disse à jornalista Dorrit Harazim. Luís Alberto morreu em 30 de junho deste ano, no Catar, aos 71 anos, de problemas renais. Cuidava das seleções locais. Em sua carreira como treinador, levou Joaquim ao topo do pódio em 1984 e à prata em 1988. Acompanhou outros especialistas dos 800 metros: Zequinha Barbosa no vice-campeonato mundial e Agberto Guimarães ao vencer um pan-americano. Atravessava dificuldades financeiras – o tratamento foi pago por uma vaquinha organizada pelos três ex-atletas.
Na capa daquela edição que celebrava o desempenho do atleta e a relevância de Luís Alberto, VEJA anunciou: “Ouro – A Grande Olimpíada Brasileira”. O Brasil ganhou 8 medalhas: uma dourada (a de Joaquim), 5 de prata e duas de bronze. O país vivia momento politicamente decisivo, com o fim da ditadura militar. Eis o que se lia nas linhas iniciais da Carta ao Leitor: “A presente edição de VEJA está chegando com atraso às mãos de seus leitores devido à conjugação, no sábado, de acontecimentos cuja cobertura não poderia estar ausente das páginas da revista – as finais dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, com decisiva participação do Brasil, e as convenções partidárias destinadas indicar oficialmente os candidatos do PDS e do PMDB à sucessão do presidente João Figueiredo”. Pelo PDS, o nome que despontou, na marra, foi o de Paulo Maluf. Pelo PMDB, Tancredo Neves que seria eleito pelo Colégio Eleitoral mas que subiria a rampa do Planalto dentro de um caixão e pranto.
VEJA relembra Joaquim Cruz como preâmbulo da prova dos 400 metros com barreiras em Tóquio, na madrugada de segunda para terça-feira, às 00h20, com o excelente Alison dos Santos, o Piu, que tem reais chances de pódio.