Em pouco tempo, encontro no Houaiss dúzias de locuções em que entra a palavra “tempo”. Tempo absoluto, astronômico, civil, compartilhado, composto, da salga, das efemérides, das vacas gordas, das vacas magras, de aberração, de acesso, de casa, de coagulação…
Está com tempo? Espero que sim, porque não acabou. Lá vêm o tempo de D. João Charuto, de entrada, de Friedmann, de geração, de Hubble, de luz, de projeção, de relaxação, de residência, de resolução, de resposta, de sangramento, de serviço, de vida, de voo, do Onça, do rei velho, do ronca, dos afonsinhos, em que se amarrava cachorro com linguiça…
O tempo parece permear tudo, tudo pautar e medir, a ponto de se confundir com o próprio espaço, o que explica o fato de que ainda pode ser chamado de geológico, hábil, integral, local, médio, morto, próprio, real, relativo, tempos apagados, fabulosos, tempo sideral, tempo simples, tempo solar médio, tempo solar verdadeiro, tempo universal, tempo útil…
E a lista poderia continuar, mas ler tudo aquilo – experimente só – toma muito tempo, o que torna a tarefa ao mesmo tempo uma forma de matar o tempo e uma perda de tempo.
Nesse meio tempo, porém, como ocorre de tempos em tempos e já não era sem tempo, o tempo fecha. A locução “dar um tempo” dá a deixa.
Eu apenas obedeço.