Oxalá aqui, Oxalá lá: duas palavras, dois sentidos
Muita gente acredita que a interjeição oxalá, que traduz os votos de que algo positivo ocorra, e o substantivo masculino Oxalá, nome do poderoso orixá iorubá, estão relacionados. O engano é desculpável: quem iria imaginar que uma palavra de personalidade gráfica e sonora tão marcante na verdade não é uma palavra, mas duas, cada qual […]
Muita gente acredita que a interjeição oxalá, que traduz os votos de que algo positivo ocorra, e o substantivo masculino Oxalá, nome do poderoso orixá iorubá, estão relacionados. O engano é desculpável: quem iria imaginar que uma palavra de personalidade gráfica e sonora tão marcante na verdade não é uma palavra, mas duas, cada qual com sua formação e seu sentido?
A interjeição oxalá (assim como sua prima-irmã espanhola, ojalá, surgida um pouco antes) tem origem árabe. Parte da rica herança vocabular deixada pelos mouros na Península Ibérica, teve seu primeiro registro escrito em 1540 e derivou de in xa ‘llah (“se Deus quiser”) ou, como talvez seja mais provável, wa xa ‘llah (“e queira Deus”).
O Oxalá orixá – que se diferencia do outro por ter inicial maiúscula – só ganhou seu primeiro registro formal no português do século XX, segundo o Houaiss, embora circulasse muito antes disso entre os escravos. Divindade da criação, seu nome é a forma reduzida de orixaala, “o grande orixá”.