O projétil atingiu o projeto. E machucou
Projétil. Até onde pude perceber, a palavra brilhou pela ausência na vasta cobertura jornalística da agressão sofrida por José Serra no Rio de Janeiro, assunto indiscutível da semana. O que é uma pena, pois talvez evitasse parte da confusão burlesca que ameaça transformar de vez a campanha presidencial num bate-boca de surdos incapazes de concordar […]
Projétil. Até onde pude perceber, a palavra brilhou pela ausência na vasta cobertura jornalística da agressão sofrida por José Serra no Rio de Janeiro, assunto indiscutível da semana. O que é uma pena, pois talvez evitasse parte da confusão burlesca que ameaça transformar de vez a campanha presidencial num bate-boca de surdos incapazes de concordar sobre coisas tão básicas quanto o nome das coisas.
Rolo de fita-crepe, bolinha de papel, tomate, ovo, pilha Duracell, pedra – tudo que se atira contra alguém é projétil, genérico do ataque à distância que nossa língua importou do francês projectile no século 18.
Muita gente pensa que projétil é só aquilo que uma arma dispara. Não: é “qualquer corpo lançado por impulsão de alguma força, para atingir uma ou um grupo de pessoas ou coisas” (Houaiss). No fim das contas, veio do latim projectare, lançar para a frente. A mesma origem de projeto – aquilo que o país deixou de debater para discutir o projétil.