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Sobre Palavras

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Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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O nepotismo e o vaivém do Senado

O vaivém do Senado, que aprovou na quarta-feira uma PEC quase igual à que tinha rejeitado um dia antes, garantiu para o substantivo nepotismo o posto de Palavra da semana: ainda dependente de votação na Câmara, o projeto aprovado reduz de dois para um o número de suplentes de cada senador e proíbe que seus […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 05h47 - Publicado em 12 jul 2013, 17h15

O vaivém do Senado, que aprovou na quarta-feira uma PEC quase igual à que tinha rejeitado um dia antes, garantiu para o substantivo nepotismo o posto de Palavra da semana: ainda dependente de votação na Câmara, o projeto aprovado reduz de dois para um o número de suplentes de cada senador e proíbe que seus parentes (até o segundo grau) sejam escalados nessa posição.

É a segunda vez que o vocábulo nepotismo chega ao alto do pódio semanal da coluna. Há cerca de um ano e meio, a propósito da parentada do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, escrevi aqui o seguinte:

A palavra existe em português desde o século XVIII, o que significa dizer que por muito tempo a prática vicejou sem nome por todos os cantos da maior das colônias portuguesas, impulsionada pelo escravagismo, pelo patrimonialismo e pelo predomínio da ética do favor sobre a ética do trabalho. Descende – provavelmente após uma tabelinha com o termo francês nepotisme (1653), que por sua vez tinha ido buscá-lo no italiano nepotismo – do latim nepos, nepotis, um vocábulo que guarda certa margem de ambiguidade: pode significar tanto “sobrinho” quanto “neto”.

De todo modo, historicamente, nepotismo surgiu na língua italiana para designar o regime de privilégios usufruído na hierarquia da Igreja Católica pelos sobrinhos de certos papas – sobrinhos e não netos, porque, pelo menos teoricamente, papas não deviam tê-los. No início do século XIX, a palavra já era empregada em sentido mais amplo, para denunciar o favorecimento a parentes de poderosos fora da Igreja também.

Desde então, encontrei leitores que me perguntaram se havia alguma conotação picante nessa história de “sobrinho do papa” – sobrinho, como se sabe, é uma palavra empregada eufemisticamente para designar um amante (homossexual) mais jovem. Não parece ser o caso. O nepotismo reinante no Vaticano na Idade Média aplicava-se mesmo aos parentes dos papas, que eram feitos cardeais sem qualquer consideração por mérito – e em alguns casos acabavam chegando eles mesmos ao papado. A bula papal Romanum decet pontificem, de Inocêncio XII, pôs fim à farra em 1692.

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